segunda-feira, março 02, 2020

Segunda, 2 de Março.
As imagens que vemos na TV de milhares se não milhões de migrantes empurrados pela Turquia para Grécia, são não só dramáticas como inumanas. Os cálculos sinistros de Erdogan, encurralado entre a Síria apoiada por Moscovo e os Estados Unidos que o deixaram pelo caminho, sem falar nas promessas da UE, atiçam nele o desespero e a crueldade. Os gregos que se portaram com dignidade no início do êxodo de milhões de seres a fugir da fome e das guerras, foi merecedor de toda a consideração do mundo. Mas agora, talvez cansados de ter que lidar praticamente sozinhos com um conflito daquela dimensão, insulta-os, empurram os desgraçados com gás lacrimogéneo para um vasto campo de ninguém onde o frio e a fome, a doença e o desespero acabará por os matar se, entretanto, não morrerem na ofensiva que Assad trava neste momento. Na linha de condenação deste e doutros crimes está a Síria, Rússia, Turquia, os Estados Unidos e a União Europeia. Vivemos em cima de um barril de pólvora.

         - A oportuna chamada de atenção de Catarina Martins para o facto de, neste período de psicose que se instalou no país a propósito do Covid 19, recordando que é ao SNS que toda a gente pede socorro e exige condições, e não aos privados que ainda nada disseram ou ofereceram hospitais e equipas médicas para, em caso de pandemia, cooperarem com o Estado como devia ser seu dever.

         - Lembro-me agora. As lojas de chineses que vejo quando passo de automóvel, estão todas fechadas daqui até Setúbal.

         - Esta é para o João Corregedor se porventura me ler: combate-se a extrema-direita denunciando as incoerências, os desvios e as iniquidades da esquerda.


         - 16,08. Acabei de entrar vindo de Lisboa. Um tule de sol alarga-se no chão coberto de verde. Silêncio denso e compacto enche o salão onde escrevo. Ontem houve frio, vento e chuva e lareira acesa. Hoje quietude a lembrar os poemas de Cesário Verde.