Segunda,
2 de Março.
As
imagens que vemos na TV de milhares se não milhões de migrantes empurrados pela
Turquia para Grécia, são não só dramáticas como inumanas. Os cálculos sinistros
de Erdogan, encurralado entre a Síria apoiada por Moscovo e os Estados Unidos
que o deixaram pelo caminho, sem falar nas promessas da UE, atiçam nele o
desespero e a crueldade. Os gregos que se portaram com dignidade no início do
êxodo de milhões de seres a fugir da fome e das guerras, foi merecedor de toda
a consideração do mundo. Mas agora, talvez cansados de ter que lidar
praticamente sozinhos com um conflito daquela dimensão, insulta-os, empurram os
desgraçados com gás lacrimogéneo para um vasto campo de ninguém onde o frio e a
fome, a doença e o desespero acabará por os matar se, entretanto, não morrerem
na ofensiva que Assad trava neste momento. Na linha de condenação deste e
doutros crimes está a Síria, Rússia, Turquia, os Estados Unidos e a União
Europeia. Vivemos em cima de um barril de pólvora.
- A oportuna chamada de atenção de
Catarina Martins para o facto de, neste período de psicose que se instalou no
país a propósito do Covid 19, recordando que é ao SNS que toda a gente pede
socorro e exige condições, e não aos privados que ainda nada disseram ou
ofereceram hospitais e equipas médicas para, em caso de pandemia, cooperarem
com o Estado como devia ser seu dever.
- Lembro-me agora. As lojas de
chineses que vejo quando passo de automóvel, estão todas fechadas daqui até Setúbal.
- Esta é para o João Corregedor se
porventura me ler: combate-se a extrema-direita denunciando as incoerências, os
desvios e as iniquidades da esquerda.
- 16,08. Acabei de entrar vindo de
Lisboa. Um tule de sol alarga-se no chão coberto de verde. Silêncio denso e
compacto enche o salão onde escrevo. Ontem houve frio, vento e chuva e lareira
acesa. Hoje quietude a lembrar os poemas de Cesário Verde.