Domingo,
8.
A Covid-19 não escolhe raça, país, sexo, idade entra por qualquer porta e
instala-se disposto a devorar o seu hospedeiro. Desde que o Dr. Li Wenliang, em
Dezembro passado, o identificou e foi posteriormente sua vítima, não há quase
país no mundo que não tenha sido atingido. Os números são impressionantes e só
uma vacina ou antídoto o pode travar. Na Europa, a Itália parece ter sido a
mais fustigada. O governo acaba de pôr 16 milhões de italianos confinados a
suas casas. Em França foi decretado o fecho de escolas e universidades. Por cá
idênticos procedimentos com a praga a engrossar as suas vítimas sobretudo a
Norte. Pergunto-me muitas vezes, que teria resultado se o ditador chinês não
tivesse advertido o sábio médico e não tivesse eliminado (elas desapareceram)
as primeiras vítimas. Decerto tudo seria diferente e ter-se-ia evitado os já
milhares de mortos. Em certo sentido, a Jinping ping ping se deve esta
tragédia. Se outras razões não houvesse para detestar o comunismo, esta
bastaria para nunca aceitar viver sob o seu jugo. Em democracia aguenta-se
melhor os perigos porque em democracia, muito ou pouco, confiamos nos
governantes, a informação corre livremente, somos todos parte do todo. Eu, por
exemplo, sou dos que acho que António Costa, a Ministra da Saúde, a Dra. Graça
Freitas que tem sido inexcedível de dedicação à causa do equilíbrio e à limpeza
dos fantasmas que varrem a ignorância habitual dos portugueses, têm sido inultrapassáveis
de dedicação.
- Por outro lado, talvez calhem aqui
esta palavras alinhadas por Pierre Hadot, acerca de Luciano de Samósata e do
seu Caronte, denunciador do modo
insensato como os homens vivem: “Se desde o início, os homens percebessem que
são mortais e que, depois de uma breve estada na vida, têm de a abandonar como
se saíssem de um sonho, deixando lá ficar tudo, viveriam mais sabiamente e
morreriam com menos arrependimentos.”
- Há uma personagem que não cesso de
admirar: o vigarista Vale e Azevedo. Não tem conta os milhões que ele manobrou,
ele e a mulher, desde o muito que roubou quando foi presidente do Benfica (lá
está o futebol), até às inúmeras empresas falsificadas que abriu e fechou. Já
veio de Londres para ficar uns anos na cadeia, em Cascais, mas, por artes
maravilhosas que encantam incautos e a Justiça, voltando a viver em Inglaterra,
e tendo vários outros processos nos tribunais nacionais a aguardá-lo, desde
2018 que a justiça britânica não consegue notificá-lo para se apresentar no seu
país. O homem é o protótipo do vigarista: simpático, come toda a gente com o
sorriso, elegância e nobreza. Eu se fosse um romancista com talento, faria dele
a personagem de romance que na realidade ele é.
- Acabei o tratamento às macieiras.
Restam os damasqueiros e as amendoeiras. Tempo quente lavado por um fio
constante de frio. A explosão de vida que aqui acontece, e é anunciadora da
Primavera, deixa-me de rastos. Estou como sempre acontece nesta altura do ano,
uma papa de coisa nenhuma. Já estou a enfiar vitaminas pela goela abaixo, o
cérebro está no limite do cansaço. Tenho cada vez mais visões: o Black a passar
não estando dentro de casa, répteis a correr a meus pés, alguém a bater às
portas... Toda esta maluqueira é-me familiar e nunca houve médico nenhum que me
dissesse as razões de tanta confusão. Depois, lá para meio da Primavera, todo este tumulto e mais as personagens que o acompanha, vão-se deixando-me
apalermado num adeus a quem me era familiar e com quem me habituara a
conviver...
- Estas páginas atingiram 46000 mil
leitores! Que vem aqui fazer tanta gente? Mistério.