Quinta, 5.
São
tantas as surpresas de cada vez que me meto ao trabalho de catalogar a
biblioteca de cima que a cada passo estaco, o cérebro num remoinho de sensações
qual delas a mais paralisante. Esta tarde foi o reencontro com o poeta Bernard
Noel e o seu livro Une messe blanche.
Eu encontrei-o em Paris quando lá fui para a série de reportagens sobre a
condição dos emigrantes. Ele convidou-me a subir às suas águas furtadas numa
zona da cidade onde abundavam tipografias e um ambiente operário. Durante o
pequeno repasto, devo-me ter excedido no calor da conversa sobre política que
nesse tempo me apaixonava, tendo-se dado o 25 de Abril no ano anterior. Reconheço,
portanto, na dedicatória que ele pôs no livro: “Pour Helder de sousa avec
l´éspoir que le monde changera de proche en proche grâce à l´amitié a defaut de
la politique.” Foi ele, sob segredo, que me forneceu o telefone pessoal da Simone
de Beauvoir: odeon 28 28. (Qualquer coisa me diz que já aqui falei disto.)
- Pergunta o spot do Festival da
Canção: Qual destas canções vai à Eurovisão? Segue o desfile gravado. Eu
respondo: a música mais idiota e sem falar no/a intérprete que, normalmente,
acompanha o pacote.
- A Annie, ao telefone, muito
preocupada com a minha ida a Hungria nesta altura. Veio depois a série de
recomendações que eu conheço muito bem e não necessito de haver um perigoso
vírus no ar para me defender. Reconheço que é preciso ter nervos de ferro para
não cair no alarme que por aí vai.