quinta-feira, março 05, 2020

Quinta, 5.
São tantas as surpresas de cada vez que me meto ao trabalho de catalogar a biblioteca de cima que a cada passo estaco, o cérebro num remoinho de sensações qual delas a mais paralisante. Esta tarde foi o reencontro com o poeta Bernard Noel e o seu livro Une messe blanche. Eu encontrei-o em Paris quando lá fui para a série de reportagens sobre a condição dos emigrantes. Ele convidou-me a subir às suas águas furtadas numa zona da cidade onde abundavam tipografias e um ambiente operário. Durante o pequeno repasto, devo-me ter excedido no calor da conversa sobre política que nesse tempo me apaixonava, tendo-se dado o 25 de Abril no ano anterior. Reconheço, portanto, na dedicatória que ele pôs no livro: “Pour Helder de sousa avec l´éspoir que le monde changera de proche en proche grâce à l´amitié a defaut de la politique.” Foi ele, sob segredo, que me forneceu o telefone pessoal da Simone de Beauvoir: odeon 28 28. (Qualquer coisa me diz que já aqui falei disto.)

         - Pergunta o spot do Festival da Canção: Qual destas canções vai à Eurovisão? Segue o desfile gravado. Eu respondo: a música mais idiota e sem falar no/a intérprete que, normalmente, acompanha o pacote.


         - A Annie, ao telefone, muito preocupada com a minha ida a Hungria nesta altura. Veio depois a série de recomendações que eu conheço muito bem e não necessito de haver um perigoso vírus no ar para me defender. Reconheço que é preciso ter nervos de ferro para não cair no alarme que por aí vai.