segunda-feira, março 16, 2020

Segunda, 16.
Marcelo, demasiado tempo ausente de cena, entretanto preenchida por António Costa com maestria, deixando de lado os toques mágicos e governando com pragmatismo, consciente do momento difícil, anunciou que quarta-feira vai reunir o Conselho de Estado para ver da hipótese de declarar o Estado de Emergência. Pitié, senhor Presidente! Não acrescente mais drama ao pânico que por aí vai. Resguarde-se.  

         - Robin que eu contava ver em Budapeste, encontra-se num estado preocupante. Tosse e mal-estar geral confrangedor. Ainda por cima nem um termómetro tem casa e isolado num país cujo governo de direita se recusa a fornecer números sobre o coronavírus.  Ainda bem que eu arrepiei caminho e que se lixe o dinheiro que perdi para o hotel ganancioso. Espero que os seus 20 anos não o deixem derrapar para o pior.

         - Ainda o apontamento de ontem sobre o misterioso vírus. João Corregedor mais dado a acreditar na China, diz-me que essa suspeita foi feita pelos chineses aos E.U.A.. Seja como for, isto prova que António Barreto tem razão ao levantar o véu do crime contra a humanidade. Estamos à mercê de três loucos: Xi Xinping ping ping, Putin e Trump. Os três trabalham na sombra para destruir a liberdade em democracia e em concluiu com as extremas-direitas que se vão instalando por todo o lado. 

         - Esta manhã saí para ir à padaria. Por aqui alguma normalidade: carros em movimento, gente a entrar e sair dos supers, pequenas lojas abertas. Como deve ser custoso passar o tempo enclausurado num minúsculo andar em Lisboa ou noutra parte qualquer das cidades! Nestas alturas, mais uma vez, invoco a minha escolha de vida. O isolamento não só convida à descoberta do majestoso silêncio, como à defesa do solitário dos malefícios do mundo.


         - Escrevo à secretaria com o radiador a gás aceso. Um frio cortante e um vento demoníaco surgiu logo de manhã cedo. Impossibilitado de trabalhar lá fora, concentrei esforços e tempo na arrumação dos livros. Dois tractores gradaram a vinha do meu vizinho durante todo o dia. De manhã preparei o dossier hotel de Budapeste e enviei-o ao embaixador da Hungria. À meia-tarde, 16,12.