Sábado,
29.
A
polémica em torno do Museu Salazar ou mais precisamente do Centro
Interpretativo de História e Memória Política da Primeira República e do Estado
Novo não pára. 11.500 pessoas assinaram uma petição contra a criação do museu
que entregaram ao Presidente da Assembleia da República pedindo que o projecto
não vá por diante. Bom. Acho um erro. Primeiro, porque é um atentado à
democracia; segundo, porque dá a impressão que a democracia tem medo do ditador
que, todavia, não se assemelha a Hitler como pretende Marília Vilaverde Cabral.
Se os senhores políticos forem sérios e honestos, competentes e equilibrados,
souberem trabalhar para o bem comum, não há ditador que consiga impor-se.
- Eu que ando com gosto nos
transportes públicos que é o que devia fazer também a aristocracia de
deputados, ministros, autarcas e toda essa nobreza do pós-25 de Abril, ouviria
como eu escuto, invocar o nome de Salazar. E fazem-no - sobretudo os mais novos
- não porque o tivessem conhecido, mas pelo que ouvem dizer em casa aos pais. O
que traz o populismo, a invocação de tempos sem liberdade, do fascismo e dos
valores truncados são cenas como a de
Luís Moreira, ex-dirigente do Benfica (lá está), condenado a 11 anos de prisão,
e a pagar indemnizações que passam os 5 milhões de euros, às vítimas das
aldrabices que compreendem falsificação de documentos e burla qualificada, isto
é, ao abotoar-se com dinheiro de sinais de contratos de compra e venda de
terrenos que não eram seus. A sociedade portuguesa, está minada de gente desta
estirpe e é ela que afasta os cidadãos da democracia. Já aqui disse e volto a
repetir: se um dia a ditadura ou qualquer outro regime duro voltar, a culpa
deve ser assacada aos dirigentes e não ao povo que farto de ver cenas destas não
acredita que haja gente digna e séria na política. O Parlamento, em vez de
perder tempo a tapar o nome de Oliveira Salazar com interdições, devia levantar
do chão sujo a excelência de conduta daqueles que nos governam.
- O artigo de Pacheco Pereira no
Público de hoje que eu aconselho a leitura, é um achado.
- Tempo chuvoso. Apesar disso, andei a
queimar os braços das árvores que foram podadas. Avancei um pouco mais na
biblioteca de cima. De leituras – népia.