sábado, fevereiro 01, 2020

Sábado, 1 de Fevereiro.
Eu gosto de elogiar, de agradecer. Talvez transmita a ideia que estou sempre do contra. Não é verdade. Se sou exigente, é para melhor engrandecer quem deve ser elogiado. Porque a generosidade, a boa educação, a atenção ao outro é não só apanágio de civilidade como de virtude. Assim, outro dia escrevi uma carta ao IMT, dirigida ao senhor que me remeteu num tempo correcto a novo dístico para o carro. Detesto, todavia, os organismos públicos e privados que montam esquemas enganadores, fingindo que dão importância e palavra ao cidadão, e depois fazem-no passar por idiota. É  o caso da Vodafone. O que seria normal era o cliente pôr as suas questões por mail e receber a resposta pela mesma via. Mas não é isso que se passa. A empresa obriga-nos a entrar num fórum onde estão vários infelizes a discutir os seus problemas com a firma. Forçado a dizer de minha justiça, sou remetido para um número (“gratuito”) que há pelo menos três dias não funciona. É esta a consideração e o respeito que os cidadãos merecem em Portugal. Porque somos laxistas, não estamos para nos chatear, não nos incorporamos no todo exigindo atendimento e consideração. Ontem fui à Vodafone no Chiado. O funcionário que me atendeu, lamentou mas também ele para dar resposta ao meu problema, tem de passar pelo fórum ou pelo número (“gratuito”) que não opera.

         - Outro dia, em Paris, o Robert teve uma pane no portátil. Foi ao computador e pôs o problema à operadora. Eu que estava ao lado, disse: “Vais esperar meses para teres a reposta.” Ele estranhou a minha observação. Daí a duas horas, veio dizer-me que já tinha o problema resolvido – a empresa havia-o informado como proceder para solucionar a questão. “Em Portugal é impossível, disse eu, não somos gente, somos consumidores desprezíveis.” Riu-se.  

          - Recebi a multa de estacionamento, embora eu tenha estacionado no lugar próprio para coxinhos coitadinhos. 60 euros a somar os 89 do reboque. Isto deve-se ao abuso de poder de uma polícia medíocre a quem a farda promoveu a ditadora. Protestei uma vez mais para o organismo competente. É por estas e muitas outras, que a democracia anda de rastos e oiço com frequência (mesmo a novos) clamar por Salazar.


         - Tempo de morrinha, húmido. Saí por sair, quero dizer, para tomar café e voltar para casa de onde não voltei a sair. A chuva miudinha empurrou o silêncio e instalou-se no seu lugar. Depois o sol espreitava a terra e voltava a esconder-se.