quinta-feira, fevereiro 06, 2020

Quinta, 6.
Toujours Green. Eu falei de linguagem erótica referindo-me ao palavreado sexual de Julien Green, quando na verdade devia apelidá-lo de pornográfico. Nas mil e cem páginas lidas, os termos abaixo indicados, multiplicam-se por centenas e centenas para não dizer um milhar. Estes: “Baiser” “Branlé”, “Jouir”,“Foutre”,“Lêcher le cul”, “Pissotière”,. “Il sent ma queue pénétrer son joli cul rose”, caetera.

         O namorado, Robert (mon Robert ou Bobby ou mon amour) é destacado para trabalhar como correspondente em Londres. Estamos em 1936 a Europa prepara-se para a guerra. Hitler é Chanceler. Green fica despedaçado e instala-se ao lado do seu amor que, diga-se em abono da verdade, com quem há pelo menos três anos não tem qualquer contacto sexual. (Talvez seja por isso que ele no Diário publicado, afirme tratar-se de uma relação platónica e neste sentido, afinal, todas as relações homo ou heterossexuais que o tempo interpondo-se aboliu o sexo, se possam também chamar de platónicas...) Em Londres porém, tanto um como outro, prosseguem os seus affaires sexuais como atestam estas duas entradas:

         “9 août - ... de Jim qu´il avait quittèe le jour même pour aller a Montpellier et qu´il avait payée, délicatesse charmante, sachant que je n´avait pas un soul. L´Alsacien m´encula d´abord, puis je l´enculai avec une sorte d´ivresse, pouvant a peine croire a se gros bonheur. Ce qui m´étonne aujourd´hui, c´est que pas une seconde l´idée ne me vint de mettre ma langue dans son joli trou rose, entre ces fesses volumineuses et fraiches.” (Pág. 1032).

         “Jeudi 8 octobre. Son grand corps blanc m´excite beaucoup et je savoure cette chair jeune et lisse qui s´offre a moi. Je commence à le sucer et lui demande si cette chose lui plaît. Réponse assez étonnante: “C´est la deuxième fois seulement qu´on me le fait, je ne sais pas encore...” Car ce grand diable n´a découvert que tout récemment qu´il aime les hommes. Je lui leche le cul, c´est qui le jette dans une sorte de convulsion de plaisir, et il me suce un peut, mais mal. Finalment, j´engloutis sa queue qu´il a forte et belle, et bientôt  serrant avec force ma tête entre ses grandes mains, il envoie sa queue jusq´au au fond de ma gorge et avec un très doux et très long soupir, il m´emplit la bouche d´une prodigieuse quantité de sperme. Ensuite il me branle et me caresse longuement.” (Pág. 1046). De notar a lascividade como o escritor descreve o encontro.    

         - Enquanto a Piedade se ocupou do interior, eu meti mãos à obra e de roçadora em punho ataquei o mato que cobria as laranjeiras em frente à casa. Pedindo a Deus que me protege-se dos incómodos das costas, avancei largamente sobre o vasto espaço deixando-o num tapete verde e belo. Detesto o n´importe quoi, n´importe comment, sofro todos os anos com as toneladas de erva daninha que se acumula por todo o lado a seguir ao inverno. Não quero a quinta uma dependência do salão, mas desagrada-me o mau aspecto e no verão o perigo da erva seca.
        

         - São 22,11. Pelas seis e meia da tarde, na galeria do Convento do Carmo, vernissage Rocha Pinto. A exposição tem o título Fragmentos. Acabei de entrar e do acontecimento falarei noutra altura. Por hoje uma pincelada de agradável convívio, a maioria artistas plásticos, alguns não conhecia pessoalmente, mas depressa as relações se espalharam e mesmo o director do excelente e bonito Museu do Carmo, parecia que me conhecia há 400 anos. Simpatia e discussão a rodos.