Quinta,
6.
Toujours Green.
Eu falei de linguagem erótica referindo-me ao palavreado sexual de Julien
Green, quando na verdade devia apelidá-lo de pornográfico. Nas mil e cem
páginas lidas, os termos abaixo indicados, multiplicam-se por centenas e centenas
para não dizer um milhar. Estes: “Baiser” “Branlé”, “Jouir”,“Foutre”,“Lêcher le
cul”, “Pissotière”,. “Il sent ma queue pénétrer son joli cul rose”, caetera.
O namorado, Robert (mon Robert ou Bobby ou mon amour) é destacado para trabalhar
como correspondente em Londres. Estamos em 1936 a Europa prepara-se para a
guerra. Hitler é Chanceler. Green fica despedaçado e instala-se ao lado do seu
amor que, diga-se em abono da verdade, com quem há pelo menos três anos não tem
qualquer contacto sexual. (Talvez seja por isso que ele no Diário publicado,
afirme tratar-se de uma relação platónica e neste sentido, afinal, todas as
relações homo ou heterossexuais que o tempo interpondo-se aboliu o sexo, se
possam também chamar de platónicas...) Em Londres porém, tanto um como outro,
prosseguem os seus affaires sexuais
como atestam estas duas entradas:
“9 août - ... de Jim qu´il avait
quittèe le jour même pour aller a Montpellier et qu´il avait payée, délicatesse
charmante, sachant que je n´avait pas un soul. L´Alsacien m´encula d´abord,
puis je l´enculai avec une sorte d´ivresse, pouvant a peine croire a se gros
bonheur. Ce qui m´étonne aujourd´hui, c´est que pas une seconde l´idée ne me
vint de mettre ma langue dans son joli trou rose, entre ces fesses volumineuses
et fraiches.” (Pág. 1032).
“Jeudi 8 octobre. Son grand corps
blanc m´excite beaucoup et je savoure cette chair jeune et lisse qui s´offre a
moi. Je commence à le sucer et lui demande si cette chose lui plaît. Réponse
assez étonnante: “C´est la deuxième fois seulement qu´on me le fait, je ne sais
pas encore...” Car ce grand diable n´a découvert que tout récemment qu´il aime
les hommes. Je lui leche le cul, c´est qui le jette dans une sorte de
convulsion de plaisir, et il me suce un peut, mais mal. Finalment, j´engloutis
sa queue qu´il a forte et belle, et bientôt
serrant avec force ma tête entre ses grandes mains, il envoie sa queue
jusq´au au fond de ma gorge et avec un très doux et très long soupir, il
m´emplit la bouche d´une prodigieuse quantité de sperme. Ensuite il me branle
et me caresse longuement.” (Pág. 1046). De notar a lascividade como o escritor descreve
o encontro.
- Enquanto a Piedade se ocupou do
interior, eu meti mãos à obra e de roçadora em punho ataquei o mato que cobria
as laranjeiras em frente à casa. Pedindo a Deus que me protege-se dos incómodos
das costas, avancei largamente sobre o vasto espaço deixando-o num tapete verde
e belo. Detesto o n´importe quoi,
n´importe comment, sofro todos os anos com as toneladas de erva daninha que
se acumula por todo o lado a seguir ao inverno. Não quero a quinta uma
dependência do salão, mas desagrada-me o mau aspecto e no verão o perigo da
erva seca.
- São 22,11. Pelas seis e meia da
tarde, na galeria do Convento do Carmo, vernissage Rocha Pinto. A exposição tem
o título Fragmentos. Acabei de entrar
e do acontecimento falarei noutra altura. Por hoje uma pincelada de agradável
convívio, a maioria artistas plásticos, alguns não conhecia pessoalmente, mas
depressa as relações se espalharam e mesmo o director do excelente e bonito Museu
do Carmo, parecia que me conhecia há 400 anos. Simpatia e discussão a rodos.