Terça,
23.
Precisei
de capitalizar forças, oxigenar o cérebro e prosseguir. Depois de um Verão
particularmente difícil, muito cansativo, um tempo de repouso é a melhor forma
para levantar o moral e incentivar a retoma. Estes dias afastado da escrita,
souberam-me a uma espécie de férias grandes como as que tinha na adolescência.
- Multidões de pessoas em fuga dos
seus países de origem rumo à Europa e aos Estados Unidos. Ninguém consegue
sustê-las e Trump vem ameaçar com o exército que as escorraçará de volta às
origens. Fogem da miséria, da fome e da corrupção, trancadas no sentimento que
não têm nada a perder e a sua própria vida, tal como são forçadas a carregar, não
tem valor nenhum. Donald Trump, insensível e imbecil, acusa-as de criminosas.
- Duas dondocas muito produzidas e
convencidas, estavam sentadas a uma mesa não distante da minha no Café de Flore.
Mal me sentei, fatigado de tanto caminhar, ouvi-as naquele sotaque queque que
me põe os nervos a telintar, alto e bom som, falar de coisas de lana-caprina. A
que estava de costas para mim, conversava baixo e por isso não percebia o que
dizia; a outra, de fronte para mim, insistia e tornava a insistir: “A situação
é carictática. Tu compreendes, ela chega a ser carictática.”
- Dedicatória do escritor Yuval Noah
Harari, na sua última obra, 21 Lições
para o Século 21, reflexo dos tempos presentes: “Para o meu marido, Itzik,
para a minha mãe, prima, e para a minha avó, Fanny, pelo seu amor e pelo seu
apoio ao longo de muitos anos.”