terça-feira, outubro 30, 2018

Terça, 23.
Precisei de capitalizar forças, oxigenar o cérebro e prosseguir. Depois de um Verão particularmente difícil, muito cansativo, um tempo de repouso é a melhor forma para levantar o moral e incentivar a retoma. Estes dias afastado da escrita, souberam-me a uma espécie de férias grandes como as que tinha na adolescência.  

         - Multidões de pessoas em fuga dos seus países de origem rumo à Europa e aos Estados Unidos. Ninguém consegue sustê-las e Trump vem ameaçar com o exército que as escorraçará de volta às origens. Fogem da miséria, da fome e da corrupção, trancadas no sentimento que não têm nada a perder e a sua própria vida, tal como são forçadas a carregar, não tem valor nenhum. Donald Trump, insensível e imbecil, acusa-as de criminosas. 

         - Duas dondocas muito produzidas e convencidas, estavam sentadas a uma mesa não distante da minha no Café de Flore. Mal me sentei, fatigado de tanto caminhar, ouvi-as naquele sotaque queque que me põe os nervos a telintar, alto e bom som, falar de coisas de lana-caprina. A que estava de costas para mim, conversava baixo e por isso não percebia o que dizia; a outra, de fronte para mim, insistia e tornava a insistir: “A situação é carictática. Tu compreendes, ela chega a ser carictática.”  


         - Dedicatória do escritor Yuval Noah Harari, na sua última obra, 21 Lições para o Século 21, reflexo dos tempos presentes: “Para o meu marido, Itzik, para a minha mãe, prima, e para a minha avó, Fanny, pelo seu amor e pelo seu apoio ao longo de muitos anos.”