terça-feira, outubro 30, 2018

Domingo, 14.
Olhar o rio que é de tempo e água/E recordar que o tempo é outro rio/Saber que nos perdemos como o rio/E que os rostos passam como a água. Jorge Luis Borges. Extraordinária epígrafe de qualquer vida.

         - Mal acordei, fui ver os estragos que o furacão Leslie provocou. Anunciavam-nos possíveis grandes catástrofes, mas à chegada a Portugal o monstro metamorfoseou-se em tempestade tropical, com ventos fortes e chuva abundante. Se aqui, felizmente, não deixou a sua marca, no centro do país – Leiria e Coimbra – os estragos foram consideráveis. Estamos nisto: furacões, tempestades, tremores de terra, com carga assustadora que semeiam a morte, provocam a deslocação de milhares de pessoas, o caos são hoje o pão nosso de cada dia.

         - A misteriosa morte de Jamal khashoggi, jornalista e combativo opositor do novo soberano da Arábia Saudita, que entrou há três dias no consulado saudita de Constantinopla, para ninguém mais de lhe pôr a vista em cima. Dizem os jornais que o pobre homem foi esquartejado em pedaços e o seu corpo posto em qualquer lado que a Polícia ainda não conseguiu descobrir onde. E lembrar-me eu dos elogios que a Europa de Chou Chou fez ao jovem ditador, só porque a criatura autorizou as mulheres do seu país – como se elas todas lhe pertencessem – a tirar a carta de condução!


         - Já li mais de metade do Caderno de Lanzarote e fracamente não vejo em que é que a sua publicação acrescenta à obra do Nobel. Talvez não seja por acaso que em vida Saramago se tivesse esquecido daquelas páginas no fundo do computador...