Domingo,
14.
Olhar o rio que é de tempo e água/E recordar
que o tempo é outro rio/Saber que nos perdemos como o rio/E que os rostos
passam como a água. Jorge Luis Borges.
Extraordinária epígrafe de qualquer vida.
- Mal acordei, fui ver os estragos que
o furacão Leslie provocou.
Anunciavam-nos possíveis grandes catástrofes, mas à chegada a Portugal o
monstro metamorfoseou-se em tempestade tropical, com ventos fortes e chuva
abundante. Se aqui, felizmente, não deixou a sua marca, no centro do país –
Leiria e Coimbra – os estragos foram consideráveis. Estamos nisto: furacões,
tempestades, tremores de terra, com carga assustadora que semeiam a morte, provocam
a deslocação de milhares de pessoas, o caos são hoje o pão nosso de cada dia.
- A misteriosa morte de Jamal
khashoggi, jornalista e combativo opositor do novo soberano da Arábia Saudita,
que entrou há três dias no consulado saudita de Constantinopla, para ninguém
mais de lhe pôr a vista em cima. Dizem os jornais que o pobre homem foi
esquartejado em pedaços e o seu corpo posto em qualquer lado que a Polícia
ainda não conseguiu descobrir onde. E lembrar-me eu dos elogios que a Europa de
Chou Chou fez ao jovem ditador, só porque a criatura autorizou as mulheres do
seu país – como se elas todas lhe pertencessem – a tirar a carta de condução!
- Já li mais de metade do Caderno de Lanzarote e fracamente não
vejo em que é que a sua publicação acrescenta à obra do Nobel. Talvez não seja
por acaso que em vida Saramago se tivesse esquecido daquelas páginas no fundo
do computador...