terça-feira, outubro 30, 2018

Segunda, 15.
Comemora-se um ano sobre os incêndios que assolaram várias regiões do Norte do país. E é bom que assim seja. Porque permite às vítimas dos fogos denunciarem como continuam abandonadas e entregues ao seu destino sem que quase nenhuns dos compromissos prometidos fossem cumpridos. Marcelo disse que só se recandidatava se a tragédia dos fogos fosse outra e os mártires merecessem respeito por parte do Governo. Como nada disso aconteceu, espero que ele mantenha a palavra.

         - Mais uma sessão de ilusionismo: António Costa, sem que ninguém supusesse, depois de ter a sua equipa de ministros um dia inteiro a aprovar o Orçamento para o próximo ano, despediu uma boa parte deles no dia seguinte. A um ano de eleições, impunha-se uma remodelação. Só me pergunto – e faço-o muitas vezes – que faz o Partido Comunista naquele harém. Se o Mágico conseguir a maioria, expatrio-me. Este país cheira muito mal. Os portugueses, entretidos com o futebol e as loas do progresso de Portugal, andam distraídos ou pura e simplesmente baixaram os braços – e essa vai ser uma vez mais a sua ruína.

         - As primeiras chuvas tombam de mansinho. Como uma canção suave ou uma harpa gemendo à minha janela, fiquei pregado aos lençóis escutando encantado as notas musicais. Assim embalado, só deixei o quarto já passava das oito. Ontem enchi a piscina e lá do alto voltei a ter o espelho de água translúcido que tanto me aquieta. Afinal, o meu trabalho, debaixo de água não ficou tão mau como me parecia. Uma uniformidade de cor aconteceu por magia e sem o contributo do Primeiro-Ministro...


         - Com a aurora deste dia, descobriram-se as trevas deixadas por todo o lado à passagem do Leslie. São impressionantes os estragos, é visível a força do monstro, a região centro que já tinha sido vítima dos incêndios é agora martirizada com a desolação deixada pelo furacão. Levantam-se já os governantes em promessas, acorre o Presidente da República como andarilho das desgraças, espantam-se as populações com o desplante dos políticos, mas terra fica o desânimo que nenhuma palavra reconstrói.