Sábado, 6.
Quando
o Prémio Gulbenkian 2015 foi dado ao Dr. Denis Mukwege eu estava presente e
saudei vibrantemente Jorge Sampaio quando este o entregou ao generoso medico
que se dedica a reconstruir o útero das mulheres africanas no hospital do Congo
maltratadas por monstros. Agora foi a Academia Sueca que lhe outorgou o Nobel
da Paz a ele e a Nadia Murat, vítima da selvajaria dos jihadistas, com
resistência bastante para se erguer depois de ter sido violada por vários
homens e ter visto morrer os seus seis irmãos às mãos do Daesh. Nunca o Prémio
foi tão bem atribuído.
- Perante esta grandeza, para quê
falar do mistério militar que não sai dos espíritos cúmplices dos políticos e
dos jornais e televisões que a ele se dedicam com a avidez de quem tem sede de
sangue. Todo o processo é uma complicação, uma salada de interesses, de lutas e
vinganças. Mas a mim, que não consigo perceber porque foram roubadas as armas e
não quero acreditar que algures se está a desenvolver um golpe contra o nosso
sistema democrático, enquanto cidadão, gostava de ser esclarecido com verdade e
transparência. Quem queria tanto armamento e para quê?
- Por aqui o trabalho não falta. Pelo
contrário existe em abundância. Esta tarde, sob sol que queimava e me fazia
suar em bica, voltei à carga na piscina. Não me conformo com o trabalho mal
feito e tornei a repintar uma parte na esperança que me agrade e possa amanhã
concluir o resto. Ao lado, na quinta do meu vizinho, as máquinas não param.
Depois de arrancarem os eucaliptos pela raiz, veio outra máquina que os
arrastou para o caminho que confina com o meu espaço e oferece esta paisagem
idílica onde o sonho repousa reinventando os velhos trilhos campestres quando o
homem não os larga de mão.
- Numa altura em que a descrença me
invade e me faz sofrer, num sábado que eu julgava dia de descanso para pessoas
e empresas, eis que me chega o convite da editora onde eu gostava de me abrigar,
para que lhes envie O Pesadelo dos Dias
Felizes. E de súbito, a esperança varreu as trevas. A mim basta-me um aceno
para me reconstruir.