Quarta, 17.
Os
números da pobreza no tempo do Mágico: um milhão de portugueses que trabalha,
mas não sai da penúria e muitos deles dizem que passam fome. Sem falar no outro
milhão que é tão pobre que a pobreza come-lhe as forças para trabalhar. Ao todo
23,3 por cento da nossa gente! É por estas e por muitas outras que eu não
acredito neste governo que se diz socialista. Por ser socialista, é ainda mais
responsável e não devia olhar para o lado como tem feito. O ministro Centeno em
vez de pensar na sua carreira internacional, devia olhar para a realidade
miserável que se arrasta de governo em governo enquanto os novos-ricos crescem
como cogumelos. Todas as estatísticas que surgem em vésperas de eleições, fazendo
jus ao desenvolvimento e à riqueza e bem-estar nacionais, são puro logro, pura
propaganda.
- Não quero falar da telenovela de
Tancos, porque comparada com a tragédia que se abateu sobre milhares dos nossos
concidadãos, essa merdelhice que não tem fim, é não só ofensiva como
repugnante. Como eu aqui previ, os ecrãs de televisão, estão cheios da revolta
daqueles que sofreram com o furacão Leslie.
Mais uma vez, quem nos governa trata os infelizes de mentecaptos. Imaginem
esta cena: há milhares de pessoas sem electricidade há vários dias, há estradas
cortadas por grossas árvores que caíram com a força do vento, mas os bombeiros,
as câmaras, recusam fazer o serviço de desobstrução porque estão em litígio com
um qualquer organismo que reclama direitos e não sei mais o quê. Que país
miserável! Dá gosto viver nesta aldeia de galos engalfinhados, não dá. A isto
chamo eu subdesenvolvimento, desrespeito pelos outros e pesporrência.