terça-feira, outubro 30, 2018

Terça, 16.
Esta manhã na Brasileira que rigolada! Juntaram-se os do costume mais a Idalina. Aquilo foi um espectáculo de riso que parecia não ter fim. Pode ser que aquela gente aos olhos de quem entra seja vetusta, mas o coração, a cabeça, o olhar sobre a vida passada e presente está imaculado, envolvido numa juventude e liberdade onde não entram preconceitos, moral, pecados de inveja e glutonaria de deleites sensuais. É um prazer viver com gente desta qualidade, um pouco inclinada ao passado, é verdade, mas o passado glorioso, cheio dos mistérios a que a ditadura obrigava e era por isso extremamente saboroso. Porque em vez de desunir, unia. Em vez de isolar, juntava, Em vez de rolhar, soltava a voz e empurrava o pensamento e a revolta. Paradoxalmente, com a democracia, estamos mais isolados, desistimos do convívio tagarela, da tertúlia onde os temas saltam como castanhas desapareceu. É cada um por si e Deus por todos. Enfim, uma miséria triste. A reflectir.

         - Carcassonne que eu conheço bem, foi fustigada ontem por chuvas diluvianas. Aquele sul francês, tem pouco mais ou menos o nosso clima, com mar e praias belíssimas. A tempestade matou 12 pessoas, fez centenas de sinistrados, o nível de água foi de um pouco mais de 7 metros e submergiu vilas e aldeias, tendo transformado a própria localidade numa ilha. O mais curioso, tendo a França registos de pluviosidade desde o século XIX, em 1891 registou 7,95. Dá que pensar quando ouvimos atribuir ao aquecimento terrestre estes desarranjos climáticos.


         - A banheira tinha um elefante de barriga para o ar. Eu vi-o quando entrei na sala e afaguei-lhe a massa corporal enorme. Ele encolheu-se, resmungou, visivelmente não gostou. Nos dias seguintes, assim que entrava ia fazer-lhe uma cocega. Daí a uns dias, o paquiderme reagiu e pareceu-me ver a epiderme grossa e untuosa arrepiar-se de gozo. Prossegui sempre que penetrava na sala e o via estatelado como rei da selva urbana, cercado de prédios altos, ruído e automóveis a passar indiferentes à sua figura majestática. Depois... andei com ele às costas a manhã toda, só me libertando quando me sentei para almoçar no Centro Comercial do Chiado. Aí estava bem acordado. Alguns clientes eram mais grosseiros e presunçosos que o pobre e simpático animal que me veio visitar durante a noite.