Segunda,
29.
Sob
um frio arrasador, na companhia de Robert e Francis que apareceu de improviso
para me ver, fui ao centro da cidade opinar da escolha de um aparelho de
cozinha para o nosso amigo. Depois vagueei pela Place Clichy e desci a S.
Michel para almoçar e procurar as Memórias de Simone de Beauvoir para oferecer
a Annie. Aos livros dediquei uma parte substancial da tarde, antes de me sentar
num bistro diante de um chocolat chaud a
ver a vida terminar gélida debaixo dos meus olhos iluminados pelo prazer do
movimento das ruas, das pessoas, das luzes, da noite descendo sobre o Sena.
- Se os meus sentidos flutuam felizes
nos dias ternos que me cabem, o mundo resvala cada vez mais para o suicídio
colectivo. Só este fim-de-semana morreram 11 pessoas no atentado à sinagoga de
Pittsburgh, nos Estados Unidos. Um louco anti-semita, munido do arsenal
necessário, gritando “todos os judeus têm de morrer”, disparou em todas as
direcções. Foi ferido e capturado. O que se segue vai de par com o seu gesto.
Mas também um avião da Indonésia caiu com 189 pessoas a bordo. Pensa-se que não
há sobreviventes.
- Como se previa, graças às loucuras
da esquerda brasileira, Bolsonaro ganhou confortável com 55 por cento dos
votos. Do que leio na imprensa portuguesa, os velhos do Restelo, crispam-se com
a vitória e disparam bombas nucleares sobre o mandato do vencedor. Nenhum faz
meia-culpa pelos erros praticados, os roubos e os abusos do poder da esquerda
que sustentou Lula da Silva. São fortes na propaganda, fracos no reconhecimento
da vontade do povo em eleições livres.