sexta-feira, março 30, 2018

Sexta-feira Santa.
Todo o dia tive a cabeça ocupada com o sofrimento de Jesus do qual Pôncio Pilatos lavou as mãos. Esta tarde, após duas horas de trabalho no Café da Casa, fui participar no Ofício de Trevas na igreja paroquial de Setúbal. Ao serão, em casa, vou assistir à Via Crúsis  celebrada pelo Papa Francisco, de Roma.

         - Terminei, anteontem, o calhamaço de Gabriel Matzneff. Igual a si próprio, velho de oitenta anos, não se abandona nem abandona os temas e as obsessões que sempre foram as suas. Do grosso volume de setecentas páginas, ao todo, talvez tenha sublinhado uma página inteira. Pouco importa nem valor os meus sublinhados têm. Num livro basta uma frase que nos toque para que todo ele renasça das milhares de palavras escritas com o suor e o sangue do seu autor.

         - Dou como exemplo, estas que eu muitas vezes experimento e sou por isso testemunha da presença tangível de Deus na minha vida: “Certitude de la présence du Christ cette nuit auprès de moi. Une douce lumière qui ensemble me pacifie et me stimule.” La jeune Moabite, pag. 512, Gallimard.

         - O farol vegetal que o bombeiro aqui deixou, com a chuva e o vento, vai-se esfiapando a pouco e pouco.


         - É de fugir dos filmes sobre Jesus Cristo que os americanos confundem com Deus e as nossas queridas televisões fundamentalistas nos impingem. Só se aprende lendo, e para isso são necessárias horas de leitura e em eremítico. Pois é!