Sexta-feira
Santa.
Todo
o dia tive a cabeça ocupada com o sofrimento de Jesus do qual Pôncio Pilatos
lavou as mãos. Esta tarde, após duas horas de trabalho no Café da Casa, fui
participar no Ofício de Trevas na igreja paroquial de Setúbal. Ao serão, em
casa, vou assistir à Via Crúsis celebrada pelo Papa Francisco, de Roma.
- Terminei, anteontem, o calhamaço de Gabriel
Matzneff. Igual a si próprio, velho de oitenta anos, não se abandona nem
abandona os temas e as obsessões que sempre foram as suas. Do grosso volume de
setecentas páginas, ao todo, talvez tenha sublinhado uma página inteira. Pouco
importa nem valor os meus sublinhados têm. Num livro basta uma frase que nos
toque para que todo ele renasça das milhares de palavras escritas com o suor e
o sangue do seu autor.
- Dou como exemplo, estas que eu
muitas vezes experimento e sou por isso testemunha da presença tangível de Deus
na minha vida: “Certitude de la présence du Christ cette nuit auprès de moi.
Une douce lumière qui ensemble me pacifie et me stimule.” La jeune Moabite, pag. 512, Gallimard.
- O farol vegetal que o bombeiro aqui
deixou, com a chuva e o vento, vai-se esfiapando a pouco e pouco.
- É de fugir dos filmes sobre Jesus
Cristo que os americanos confundem com Deus e as nossas queridas televisões fundamentalistas
nos impingem. Só se aprende lendo, e para isso são necessárias horas de leitura
e em eremítico. Pois é!