Sábado,
10.
Evidentemente,
devido ao pânico geral pelo estado de conservação da ponte sobre o Tejo, todos
combinados – membros do Governo, engenheiros, entendidos em pontes, gabinetes
de estudos – vieram serenar os ânimos afirmando que a ponte 25 de Abril é
segura. O costume. Talvez seja até não cair. Sabemos agora que os trabalhos
começarão em breve, vão durar dois anos e custam 20 milhões de euros. Quem paga
esta fortuna? Ora, quem há-de ser, os contribuintes. Porque a exploração
pertence a Lusoponte. Quer dizer Cavaco Silva que deu de mão beijada a mina de
oiro aos privados, deixou para os que nela passam a factura a liquidar e... com
língua de fora.
- Ontem, apesar das toneladas de água
que apanhei, não deixei de ir ao encontro do João e do Guilherme. Que diabo! A
vida tem que continuar. Tivemos um farto e muito bom almoço no Restaurante das
Flores, na rua do mesmo nome, por um preço e atendimento que põe a léguas os
seus congéneres caros, saloios e onde se vai para ser visto. Para além de que
ali, a maravilhosa cozinha portuguesa, feita à moda antiga, é de comer e chorar
por mais. Há muito, muito tempo que não comia fora de casa com prazer uma
refeição constituída por sopa de grão de bico, arroz com peixe, arroz doce para
sobremesa e um vinho de Borba a acompanhar, café tudo por 13 euros!
- Dali, andámos meia dúzia de metros, ao
encontro do Carlos no bar em frente a Casa da Imprensa. Longas e apaixonadas
discussões sobre arte, pintores, escolas artísticas, etc. Deixámos o pub,
tarde. João Corregedor, prometeu-me que era desta que o seu amigo, director de
uma importante editora nortenha, vai apreciar o meu romance.
- O mau tempo não nos deixa,
relembrando o velho ditado “não há fome que não dê em fartura”. De facto, uma
boa parte das albufeiras e barragens a norte de Lisboa, estão já com stocks
suficientes de água para o Verão, embora abaixo do Tejo ainda haja muita
apreensão. O que sobra de duas semanas ininterruptas de ventos fortes,
trovoadas e chuva torrencial, são muitos estragos e alguns de monta por todo o
país, sem deixar de lamentar também as mortes.