sábado, março 03, 2018

Sábado, 3.
Eu falo com frequência com os franceses que se instalaram em Azeitão. Nenhum deles acredita nos números da economia portuguesa e eu em primeiro. Se me fosse permitido testemunhar com nomes o que sei das manobras do INE, impostas por quase todos os governos, de Sócrates a este, outro galo cantaria. Assim, de tempos a tempos, chegam-se à ribalta instituições privadas sem influências partidárias ou interesses suspeitos, como o Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do Instituto Universitário de Lisboa, para repor a verdade dos factos. E estes são aterradores, se tivermos em conta que contrariam – e de que maneira! – os números do Mágico. Este diz, por exemplo, que o desemprego se situa em 8,5%, enquanto o CIES atira com 17,5%. Dir-me-ão é uma questão de cozinha, da forma como as estatísticas são apresentadas ou manobradas. Sem dúvida. Estamos habituados a isso. Agora o que nos surpreende, é o facto de o mundo do trabalho se encontrar desmotivado, desencorajado, com salários ao nível de há dez anos, o subemprego que deve andar pelos 30 por cento da massa laboral, os inativos, os jovens que procuram o primeiro emprego. Muita desta gente nem sequer conta para a taxa de desemprego, pura e simplesmente não existe para o Estado. E como a imposição, há muito trabalhada, vai no sentido do emprego precário - só no privado ronda já 30 por cento -, esta vai de par com níveis de protecção social quase inexistentes. De resto, basta andar cá por baixo, para ver o que por aí vai, quanto a sociedade dos anónimos cidadãos sofre com impostos elevados e arrogantes, o custo de vida, a inacessibilidade a bens de primeira necessidade, a pobreza que não diminuiu.

         - A nível mundial estamos à espera que um louco qualquer abra a Caixa de Pandora. Putin, o ditador disfarçado de democrata como tantos outros que chefiam este mundo infeliz, no discurso de duas horas!! à nação, só falou do programa nuclear em que se apoia. Disse coisas assustadoras com o ar de quem informa dos métodos de construção duma auto-estrada. Um míssil que pode percorrer um vasto espaço sem ser interceptado, outro míssil de cruzeiro de baixa altitude difícil de detectar, com uma carga nuclear capaz de arrasar a Europa e invencível ante “os actuais e futuros sistemas de defesa de misseis aéreos e terrestres” e para que não tenhamos dúvidas, encerrou a lengalenga dos horrores com esta garantia: “Não é bluff.”   

         - Ontem, no Fertagus a caminho de Lisboa, à minha volta, na carruagem a abarrotar, não havia um único passageiro que não estivesse à manjedoura do telemóvel. Voilà o mundo maravilhoso dos nossos dias. Um mundo de alienados.


         - A desistência é uma forma de despedida.