quarta-feira, março 21, 2018

Quarta, 21.
Um dia como o de hoje, sobretudo quando saímos de um tempo de trevas, enche-nos de alegria. O campo lavado, purificado pelos ventos, quando a luz cai nele acorda-o do longo inverno e sacode-nos a nós seus habitantes da letargia em que os dias cinzentos nos mergulharam. Andei a podar as cepas (poucas) que ainda restam e terminei a poda das hortênsias. Devia ter prosseguido com a roçadora o corte da erva daninha que as últimas chuvas fizeram brotar do chão desordenadamente, mas temo nova recidiva de dores lombares, de forma que vou retardar essa tarefa. Sem esquecer que nesta altura do ano o trabalho não falta e muitas outras empreitadas me esperam. As manhãs e o início das tardes são religiosamente consagradas à escrita e à leitura. Vivo neste colete organizacional e muitas vezes sinto-me cansado por não abrandar e deixar que este ritmo de trabalho tenha fios de tempo para o simples dolce far niente.


         - O relatório independente sobre os incêndios do Verão passado, foi enfim conhecido. Dispara em todas as direcções: Estado, autarquias, EDP, GNR, sistemas de comunicação, etc., etc.. Ninguém sai incólume, todos são responsáveis das cento e tal mortes. A rainha de todas as mães do CDS, prega escondendo com as suas palavras aldrabadas a sua parte em mais eucaliptos. Outras mortes se seguiram entretanto como oliveiras e carvalhos centenários, figueiras e pinheiros... Ninguém até à data foi responsabilizado – e esse é o desastre maior deste pobre país. O próximo Verão que venha e com ele novos fogos. Infelizmente é isso que vai acontecer. O sistema e as pessoas não mudaram e trabalham em pescadinha. A grande reforma devia ser acabar com este insuportável esquema – todos comem do mesmo tacho.