quarta-feira, março 07, 2018

Quarta 7.
Um maduro, apesar de ter lugares à direita e à esquerda, optou por se sentar na minha frente na grande mesa do Café da Casa. Foi como se ele me espiasse o pensamento de tão próximo, como se através das minhas dúvidas, expressões faciais, paragens reflexivas, lê-se o que eu não queria sendo propriedade da gestação criativa, portanto, manta de hieróglifos. A sua presença, arruinou a manhã de escrita, tendo-me obrigado a fugir.

         - Quando tudo vai mal, socorro-me do Diário de Julien Green.

         - Em Ghouta, na Síria, os combates não cessam. Nenhum dos beligerantes (quantos serão?) aceitou as tréguas impostas unanimemente pela ONU. Os inocentes morrem às centenas, os que conseguem escapar ao bombardeio, não ficam melhor – vivem como toupeiras debaixo da terra. Esta é a obra dos americanos sob a batuta de Obama, Sarkosy e quejandos. Não descansam enquanto não correrem com Bashar al-Assad. É disso que se ocupa a União Europeia e o petit Chou-Chou. O que se segue é idêntico ao que eles construíram no Iraque, na Líbia e em alguns países africanos, isto é, mil vezes pior.

         - O paraíso do Mágico: milhares de idosos, com reformas miseráveis, o ano passado não puderam aviar as receitas médicas, centenas nem se deslocou ao hospital ou à farmácia por falta de dinheiro para os transportes que dizem ser muito caros.


         - Chove como tem chovido desde há quase duas semanas (os políticos sanguessuga e os apresentadores de televisão marrecos, acrescentam “a esta parte”). Se algumas barragens apresentam já um volume considerável de água, outras a Sul continuam aquém do desejado – palavra do meteorologista Marcelo Rebelo de Sousa. Por mim, vivendo no campo, não deixo de me congratular e já tenho o seu murmúrio continuo a embalar os meus sonos e a sua maravilhosa sinfonia a encher as horas diurnas.