quinta-feira, outubro 01, 2020


Quarta, 1 de Outubro.

Continuo a leitura da monumental biografia São Paulo de N. T. Wright. Quando há dois anos li as suas Cartas na tradução de Frederico Lourenço, fiquei impressionadíssimo com a personalidade de Saulo de Tarso. Wright neste seu trabalho, dá-nos a conhecer o sentido expresso da célebre “Estrada de Damasco” que eu ouvira falar na adolescência, sem que compreendesse muito bem o que isso significava, posto que muitas vezes escutava derivações que não tinham nada a ver com alguém que vai de Jerusalém a Damasco no séc. I d. C.. Na realidade, se bem entendo, a dada altura, o jovem Saulo de Tarso, um pouco mais novo que Jesus Cristo, tem uma visão que o vai levar a mudar completamente o rumo da sua vida:  vê-se rosto a rosto com Jesus de Nazaré. A partir daí o evangelista S. Paulo parte a promover a palavra de Jesus morto e ressuscitado, deixando para trás as fórmulas que, sendo judeu e zelota, circunscrito à Torá, impediam que qualquer homem não-judeu fosse eleito de Deus. É ele (e Barnabé) que em seguimento vai depois abrir uma brecha deixando entrar todos sem precisão da circuncisão como selo divino dos descendentes de Moisés e David. Quanto ao sentido da frase, ela foi-se alargando para designar a mudança radical que o homem pode fazer ao derrubar os obstáculos que se levantam na estrada da vida, mas ainda quando forças interiores se conjugam para o reorientar para obras de dimensão metafísicas. 

         - Andou aí a Piedade. Enquanto isso, capinei em torno da casa das máquinas, levando dois carros de erva seca para o terceiro monte ao fundo da quinta. Este fim-de-semana vou adormecer a água e desejar-lhe bom e sereno sono até Junho do próximo ano. Que mais? Estou sem telemóvel há dois dias e que bom é. O controlo da Google não pára e eu tenho evitado fazer actualizações chegando ao ponto de o instrumento bloquear. Detesto este mundo informático onde há mais fantasmas que nas catacumbas do fim do mundo.