quinta-feira, outubro 29, 2020

Quinta, 29. 

Podemos não morrer de Sars-Cov-2, mas morremos uns de medo, outros de tédio, muitos de depressão, quase todos de apatia, sem liberdade, infectados de incredulidade ante um inimigo sem rosto, mas que todos sabem soletrar o seu nome. Este fez uma guerra moderna: sem tiros, sem armamento, prisões, campos de extermínio, barata, fulminante, perfeita. Além de que isto é apenas um ensaio para algo mais assustador.  

         - Provavelmente, sob os auspícios daquele que pretende ser o porta-bandeira do islamismo, Erdogan, três franceses foram mortos dentro da igreja Notre-Dame, em Nice. Vários outros ficaram feridos. Depois do que disse o dirigente turco, sempre a propósito das caricaturas do Charlie Hebdo, ou recentemente do seu próprio cartoon, publicado esta semana no mesmo jornal, tudo é de esperar do ditador. A França está a ferro e fogo e desejo que as democracias ocidentais se unam para defender a liberdade dos muitos ditadores que ainda controlam milhões de milhões de seres humanos em pleno século XXI. O ataque está provado foi obra de islamitas. Depois da decapitação do professor de história de um liceu nos arredores de Paris e de outra peripécia acontecida também hoje com um homem de revolver em punho e prontamente abatido pela polícia, não há duvida que a França está sob uma espécie de Sharia. 

         - Acabo de chegar de uma promenade pelo centro de Setúbal. O objectivo foi ir conhecer a estátua de D. Manuel Martins primeiro bispo da cidade, executada pela minha amiga Maria José, erguida em frente à Sé Catedral. Não gostei. Não apreciei o sítio, encostada à escadaria da igreja quando, do meu ponto de vista, deveria ter ficado no centro da praça e sem pedestal; depois não me parece uma peça das melhores que a artista criou, perde porque é demasiado estática, sem expressão, sem arte e sem o impacto que o bispo criou junto dos seus paroquianos. É uma massa uniforme, sólida, pesadona, num verdete feio, onde só o rosto deveria cativar e nem isso a artista me parece ter conseguido. Talvez ali haja mão na forma de directivas do patriarcado, quase sempre de gosto duvidoso.