domingo, outubro 18, 2020

Domingo, 18.

A França voltou a ser desafiada pelos jihadistas. Um professor de uma escola nos arredores de Paris que ousou ensinar aos alunos a liberdade de expressão escolhendo os desenhos de Maomé publicados pelo Charlie Hebdo, foi decapitado na rua por um muçulmano de 18 anos que, por sua vez, foi morto pela polícia. O que há surpreendente, é a facilidade com que estes tristes ajustes de contas acontecem, sem que a nação possa evitá-los. Se as coisas continuam assim, em breve temos religiões e teorias políticas a instalar-se por via do medo e da ameaça nas nossas sociedades democráticas. Há em tudo isto uma decadência latente que parece escapar a toda a gente. 

         - A grande trapalhada do Mágico sobre a utilização do programa-vigia que ele insiste em nos obrigar a instalar, mesmo que a União Europeia se tenha manifestado contra a sua obrigatoriedade, e sendo quase certo que não passa na Assembleia Nacional, diz muito da sua natureza profunda enquanto dirigente político. O nosso carácter está inteiro nas acções da nossa vida pessoal e pública. 

         - Outra personagem do Portugal reinadio da classe política, está hoje plasmada no Público com direito a várias páginas de palração: refiro-me a Paulo Portas. Dizem que o homem é inteligente, pois eu considero-o esperto. Preferia o Paulo que eu via num sobressalto, todas as noite até às tantas da madrugada, praticamente debaixo da minha janela quando vivi anos a fio no Príncipe Real. Aquele compulsivo desassossego, era infinitamente mais humano, digno de misericórdia e louvor, porque manifestava um ser humano rendido ao que não podemos evitar a menos que nos entreguemos inteiros à difícil doutrina de Deus  hoje malbaratada até pelos sacerdotes pedófilos. 

         - Vou-me acomodando como posso. Eu explico. Há muitos anos que não passo Outubro e Novembro em Portugal e por isso não sei como fazer face ao início do frio, da humidade e do clima em geral. Já me apeteceu acender a lareira - coisa que só fazia no fim de Novembro quando chegava de Paris - já tirei do armário camisola grossa, já enfiei nos pés pantufas, pus e tirei o cobertor da cama e ao serão, por diversas vezes, coloquei a manta inglesa sobre os joelhos. Todo este desassossego, consoante os dias, volta para trás e reinstala o verão, um verão periclitante, que afaga fora da estação. 

         - Acabei de serrar a madeira reciclada ao longo do ano. Também já foi arrumada debaixo do telheiro de modo a poder receber o Inverno em maior conforto. O que se segue? Talvez a barrela de cal nas árvores. Para isso tenho de me ungir de forças que suportem um trabalho de tal envergadura. (Anoto isto para me comprometer com a tarefa.) Tempo soalheiro para gatos (Blacka e Botas) em contemplação e apetite desvairado.