domingo, outubro 25, 2020

Domingo, 25.

Sem surpresa e apesar do que disse o arrogante ministro da pasta, todos os prejuízos da TAP serão pagos pelos contribuintes. O Estado está praticamente senhor da companhia e, assim sendo, utilizou os mesmos métodos que condenou aos antigos patrões: despedimentos em massa, emagrecimento da transportadora, aumentos de ordenados suspensos e tudo o que faz uma gestão privada para manter os seus interesses. Pergunta-se para que serve uma companhia de aviação nacional, quando seria muito mais barato e melhor viajarmos – como de resto fazemos – numa outra qualquer empresa.  

         - A propósito. Depois de ter escrito vários e-mails na língua expansionista que eu detesto para obter a restituição das centenas de euros que o hotel de Budapeste se apropriou, eis que vejo, ufa!, ser-me restituído o montante não obstante a bravata das condições: “The originally paid amount will be transferred back to the same account from which we received in max. 90 days.” A ver vamos se assim é. 

         - A coisa continua preta e bem escura. Multiplicam-se por todo o lado os novos casos de coronavírus. Ontem no Rossio, uma centena de pessoas incluindo um ou outro médico, protestou contra as medidas da DGS e do Governo. Não querem a máscara, o confinamento, dizem que isto é mais ou menos como a gripe anual e não gostam de ser privados dos seus direitos. É difícil tomar partido a favor ou contra este esquema mental. Para mim é evidente que Portugal não está a conseguir controlar o crescimento e isto depois da primeira vaga e dos meses que mediaram até à segunda onda. A DGS andou a dormir, entretida decerto a fazer política e não lhe sobrou tempo para pensar e agir em função da segunda leva. Em grande parte, os avanços e recuos nas medidas de controlo, centrados no poder, na arrogância e no “tens que amouxar”, traduziram-se para as pessoas num salve-se quem puder. Destruíram a boa imagem que tinham e hoje ninguém confia nos seus pareceres e ordens. Se antes não se sabia nada do vírus; hoje o conhecimento e estudos permitiria avançar com mais segurança. O que se passa nos lares que eles chamam “residências”, onde 40 por cento dos casos acontecem e são a imagem horrível, criminosa, não só dos socialistas como dos social-democratas que dirigem o país há praticamente 50 anos, é motivo para mim de não confiar em ninguém e classificar os políticos como ineptos, oportunistas, incompetentes. Idem quanto às outras doenças que estão em stand by, fazendo do país um imenso cemitério de mortos em espera. 

         - Choveu por ciclos. Estive hora e meia ao telefone com a Maria José e Carmo Pólvora. Uma é escultora, outra pintora. A primeira pede-me a comparência amanhã, em Setúbal, na inauguração da estátua de D. Manuel Martins; a segunda em Cascais na vernissage de uma colectiva. A ambas disse que não, porque fui convidado para um almoço em casa dos meus amigos franceses.