segunda-feira, outubro 05, 2020

Segunda, 5.

Durão barroso, por incrível que pareça ou talvez nem tanto, foi nomeado presidente da GAVI, uma organização que trata das vacinas à escala mundial. Previne o próprio, que o cargo não é pago. Seja ou não remunerado, o que surpreende depois do que ele fez na UE tendo sido expulso, ainda haja quem se lembre da criatura de sorriso macaco. Isto anda tudo às avessas. 

         - António Costa despediu Vítor Caldeira do cargo de presidente do TdC. Dir-me-ão não foi posto fora, foi o período no cargo que findou. Se preferem, que assim seja. Todavia, essa vingança vem na sequência da advertência que ele fez às novas regas dos concursos públicos, fechando o campo à transparência e abrindo-o à corrupção, com os olhos e o apetite postos nos milhões da UE. O que até se compreende. Os socialistas, desde sempre, foram adversos a criar normas e decretos que controlassem a corrupção. O TdC tem sido para a democracia um pilar fundamental e por ele têm passado homens de grande gabarito, honestidade e imparcialidade. Caldeira não foge à regra, foi um gestor sério, competente e honesto. De resto na linha dum seu antecessor, grande senhor da política e intelectual de nível, quem me dera houvesse pelo menos mais uma dúzia como ele, refiro-me a Guilherme d´Oliveira Martins. Evidentemente que Medina, tem de estar de acordo com o patrão. 

         - Almocei no Corte Inglês depois de ter estado na Brasileira à conversa com o Carmo e a Teresa. Por ali, findo Setembro, os estorninhos estrangeiros levantaram voo. Talvez o coronavírus não se instale agora tão facilmente. Enquanto não chover, é lá fora que abancamos. Hoje as mesas em redor estavam vazias, antes todas preenchidas com gente sem máscara, que tossia e espirrava como selvagens largados num campo de ninguém. Que mais? Aceito de bom grado o Outono; pus um cobertor na cama, desliguei a máquina de tratamento da água da piscina, adormeci-a, desejei-lhe um longo sono e despedi-me até para o ano se Deus quiser. Mais? Tenho para mim que o Black morreu. Há três dias que não aparece e na última noite, antes de sair pelas onze, volveu-me um olhar tão meigo que eu interpretei como agradecimento de tudo o que eu fiz por ele e de adeus. Estava muito velho e os filhos que deixou, de quando em vez, faziam-lhe frente. Tenho uma mágoa a varar-me o coração. Nos muitos anos que aqui viveu, foi largando os hábitos selvagens para se fazer um gato tão empinocado como os de madame Colette.