domingo, outubro 04, 2020

 Domingo, 4.

A tempestade Alex semeou o pânico nos Alpes Maritimes na zona de Nice. Aldeias e vilas, casas a cair como baralho de cartas, pontes desfeitas, centenas de pessoas desalojadas à ultima hora, tudo levado na enxurrada de rios a transbordar. As imagens que a France 2 nos mostra são impressionantes e expõem a força que o Alex empregou para reduzir a arrogância e poder dos homens a simples bonecos articulados pelo seu poder. Há duas mortes e alguns desaparecidos. 

         - Trump deixou o bunker da Casa Branca para o hospital. O seu estado de saúde alimenta todo o tipo de especulações. A equipa de médicos que o trata, parecia uma guarda pretoriana. Que bom ter poder e dinheiro para ser assistido daquela forma exibicionista, quando milhões de americanos infectados por sua culpa falecem sem dignidade e assistência. O monstro primeiro, os outros podem esperar. Mas o monstro padece de obesidade e outras co-morbidades como tensão alta, colesterol, tem 74 anos, tudo factores de agrado do coronavírus. Dito isto, espero que melhor para assistir a derrocada da sua imagem de Presidente dos Estados Unidos da América.  

         - Em resultado de uma festa que o Presidente e a “primeira-dama” (forma ridícula como se todas as mulheres fossem de segunda classe; bem faz Marcelo que não tem primeira-dama e baralhou o estatuto de Presidente; a democracia agradece e julgo que os cidadãos também) deram na Casa Branca para anunciar a nova escolha para o Supremo Tribunal após a morte da memorável senhora Ruth Bader Ginsburg, onde toda a gente se beijou, abraçou, sem máscara nem distanciamento, como exigia o chefe fanfarrão. Em síntese: depois dos festejos, instalou-se o pânico. Logo foram anunciados os contágios com coronavírus do reverendo John Jenkins, do republicano da Carolina do Norte Thom Tillis, da conselheira do presidente Hope Hicks, Kellyanne Conway ex-assessora de Trump e por aí fora, todos festivaleiros da Casa Oval. A Casa Branca transformou-se no viveiro do minúsculo vírus. 

         - De facto, assim é. Graças em grande parte a Trump morreram já 200 mil americanos. Entre nós são infectados perto de 1000 por dia; a França anda pelos 12 mil, e a maior parte do país confinado; idêntico para Madrid que está totalmente restringida; além de Inglaterra, Israel e outros países porque a pandemia não conhece corpos nem povos, pura e simplesmente instala-se onde pode.    

         - “Cuidar de Portugal” é um péssimo slogan para a campanha de Ana Gomes. Portugal não precisa de iluminados, cuidadores ou salvadores. Basta alguém honesto que defenda a liberdade e a democracia. 

         - O Outono ai está: chuva, céu de chumbo, um pouco de frio. Acabei de apanhar os últimos dióspiros e vou para a semana recolher as romãs este ano em abundância. Inusitado porque não tivemos maçãs de nenhuma espécie, peras, uvas, amêndoas, uma razia que colocou o preço da fruta ao nível do que eu via em Paris. 

         - Comecei a reler o Diário Intégral de Green ao ritmo de 10 páginas/dia. Mesmo assim vou já nas 120. A par da biografia de São Paulo e do Diário Intimo de George Sand que adquiri num alfarrabista, em tradução portuguesa de Carla da Silva Pereira.