terça-feira, outubro 20, 2020

Terça, 20. 

Temas prioritários que merecem reflecção até porque estão ligados à podridão que alastra pela classe política – governos, autarquias, organismos do Estado, juntas de freguesia, etc. – grudando-se nas empresas, bancos, centrais de advocacia, institutos disto e daquilo. Falo da corrupção. O sindicado dos juízes e procuradores, entrando na discussão pública sobre enriquecimento ilícito, considerando-o, à priori, um crime, mostraram-se pouco convencido que era desta que a malha se apartava em volta dos pervertidos. E têm razão. Nunca nada avançou de substancial nessa matéria com os socialistas, até porque na procissão dos criminosos estão os camaradas que roubaram milhões de milhões e cujos nomes são tantos que só relendo os milhares de páginas deste diário poderia fazer um balanço. “infelizmente, por falta de vontade política das sucessivas lideranças do país, o combate à corrupção foi sempre uma prioridade no discurso, mas nunca foi uma prioridade na acção”, argumentam os juízes. E vão mais longe, dizendo que a lei passou a isentar de “visto prévio do Tribunal de Contas certas parecerias público-privadas celebradas pelas autarquias, ou recentemente de flexibilização do Código de Contratação Publica”. E relembram ao Governo no presente documento em discussão no Parlamento onde estão as medidas para detectar a corrupção praticadas nos níveis superiores da direcção política dos órgãos do Estado – Presidência da República, Assembleia da República, Governo, entidades reguladoras e institutos públicos. E avisa que a jurisdição portuguesa continua a não dar cumprimento à Convenção das Nações Unidas Contra a Corrupção – protesto que eu ouço há muito tempo e recentemente até na Casa dos Portugueses que a reclamam. E todavia, oh, céus, todavia!, bastavam coisas simples, que todos nós conhecemos, fintas para fugir aos impostos, açambarcar fortunas... Chui! dá de novo a palavra aos magistrados: “Os casos em que os bens não estejam em nome do seu verdadeiro dono, uma vez provada a sua titularidade, o criminoso será punido, não por se presumir que enriqueceu ilicitamente, mas por ter enriquecido sem o declarar e justificar.” É aqui que está o busílis da questão!  

         - Nós a tudo nos habituamos: de António Costa à máscara chinesa. 

         - Temporal trazido por uma tal Bárbara. O vento rugiu, a chuva salmodiou toda a noite e todo o dia de hoje. Fui num ápice ao super fazer uma compra e voltei para me refugiar na leitura e na escrita. Como detesto casas hermeticamente calafetadas, sinto as rajadas do vento a atravessar o salão pelas frinchas das janelas. É saudável este arejamento que renova o ar e impede o corona de se instalar. Entrei no derradeiro capítulo da densa biografia de S. Paulo por Wright. Não saio dela exausto, mas enriquecido, rendido ao trabalho apostólico do Santo, que para espalhar a boa nova, passou por tormentos que não se deseja a ninguém: prisão, vergastadas, insultos, fome, nudez forçada, solidão e desalento...  

         - Justamente, Portugal atingiu hoje os 100 mil doentes com coronavírus. 18 por cento são jovens que o egoísmo leva a infectar os familiares e quem com eles privam. Por toda a Europa, novo confinamento impôs-se. De vacina credível, nem vista. 


      Black pai deixou-me este casal lindísssimo que adora a comodidade. (toque na foto)