Terça, 23.
Ouvi o ministro dos Negócios Estrangeiros
no jornal da SIC e não retiro uma vírgula ao que disse anteontem. De facto, os
políticos portugueses que nasceram sob a batuta de Salazar, por muito que
proclamem que são socialistas, a nós não chega o mínimo da doutrina e da
vivência que Mário Soares fechou na gaveta a sete chaves há trinta anos. Rúben
Cavaco, o jovem agredido barbaramente pelos filhos do embaixador do Iraque, continua
em coma induzido no Santa Maria. Mas enquanto Marcelo telefonou a inteirar-se
do seu estado, o socialista governante nem nisso pensou e não falou com a família,
nem com os médicos. Quanto aos jovens, não fugiram (é este o termo), mas a sua
versão dos factos foi demasiado ensaiada e não convence. Basta ver como os quadrúpedes
estão salutarmente sãos, enquanto o opositor está entre a vida e a morte. A sua
história está mal contada, porque utilizam armas demasiado velhas como as injúrias
por serem muçulmanos. Ora, não há em Portugal nenhum caso semelhante, os
advogados deles não devem ser portugueses.
- O fogo tem andado por S. Pedro do Sul no concelho de Viseu. Ouço falar
nas serras de S. Macário e Arada, por onde andou Maria Gordulha, dita Madame Juju.
De cada vez que vejo as imagens dos incêndios, sinto um calafrio, uma espécie
de dor porque ela foi lá enterrada e a sua memória ciranda de lugar em lugar,
de montanha em montanha, e atinge-me no mais íntimo de mim seu testamentário e
inventor.
- O jagunço americano de seu nome Ryan Lochte, que aldrabou piorando a
má fama que o Rio já tem, dizendo que tinha sido assaltado numa bomba de
gasolina, soube agora da sentença que o Brasil tolerante não lhe aplicou: as
marcas que o sustentavam suprimiram por causa do seu gesto todos os
patrocínios. Calculam os entendidos que o alcoólico ficou sem um milhão de dólares.
- Calor abrasador, aqui e em Lisboa onde estive esta manhã.