Segunda, 15.
Faz hoje dezasseis anos que Julien Green nos
deixou. Como o tempo passa a correr! Já cá não estarei para ler o seu Diário
integral que o escritor protelou para 50 anos após a sua morte, portanto, 2048.
As primeiras preces desta manhã foram para ele.
- Arquivei no meu computador o rol de subvenções vitalícias que a Caixa
Geral de Depósitos paga aos nossos ricos políticos que dizem ter abraçado a
coisa pública movidos pelo superior interesse da nação. São 332 sortudos que têm
para o resto das suas vidas uma reforma em média de 2300 euros por uns escassos
anos de trabalho, enquanto milhões de portugueses trabalhando de sol a sol uma
vida inteira, se ficam pelos 300/400 euros. Alguns exemplos. Sócrates que fez o
que se advinha ter feito, vive com a modestíssima soma de 2.374,05 euros. O
inchado Ângelo Correia, apesar dos negócios chorudos em que anda metido, arrecada
por mês 2.685,53 euros. A nossa Dulcineia comunista Odete Santos 2.905,11
euros. O meu amigo João Corregedor 2.685,53 euros (alguém me havia bichado que seriam
4 mil euros). Não tenho inveja. Só pena que eles quando estiveram em cargos políticos
nada tenham feito em favor da disparidade social e económica e dos velhos com
reformas-migalhas de pobreza. Advém ainda que quase todos possuem múltiplos
empregos e trabalhos e, nestas condições, em muitos casos a subvenção não passa
afinal de uma gorjeta. Se guardo religiosamente o documento, é porque sei o
valor da expressão bem portuguesa: “Quanto toca?” É a partir desta inocente pergunta, que se joga o destino
político dos iluminados em Portugal. Cavaco dizia que não podia viver com 10
mil euros! A parolice não tem vergonha. Como a maioria da classe que nos
governa veio de baixo, é na ganância financeira e no trem de vida pompeante que
joga a sua credibilidade. Pobres coitados, benza-os Deus!