sexta-feira, agosto 19, 2016

Sexta, 19.
Enquanto a Louisiana francesa está paralisada devido a fortes inundações, a Califórnia arde por mão criminosa. Os fogos já consumiram uma área excepcional de floresta e casas obrigando 82 mil moradores a fugir e não se sabe quando ficarão extintos. Um só homem pode fazer de um país um inferno. De nada vale haver um exército poderoso, material bélico sofisticado, ser rico ou pobre, quando um louco ou fanático, com um simples fósforo, eclipsa do mapa a região mais abastada do planeta. Nero, quando mandou incendiar Roma, deu o exemplo que perdura através dos tempos. Ainda que alguns historiadores hoje digam que não foi ele o criminoso, eu acredito em Suetónio que conta o feito com precisão no seu extraordinário livro Os Doze Césares.

         - Os jornais dizem nas gordas que o BPN e o BANIF causaram perdas ao Estado superiores a 5828 milhões de euros. Curioso falar do Estado como uma abstracção. Quem é o Estado?

          - A nossa querida UE sabe com quem pode contar e em que momento. Não é por acaso que desta vez quer impor a norma de fiscalidade a todos os cidadãos com conta bancária, isto é, à grossa maioria. Os bancos vão ficar obrigados anualmente a enviar ao Fisco as contas dos seus clientes. Deixamos de ter privacidade, vamos ser fiscalizados em todos os domínios, a nossa liberdade é esquartejada, ficamos à mercê das Finanças e das violências que o regime dito democrático e republicano nos queira fazer. Não somos donos de coisa nenhuma, mesmo do tão propagandeado segredo bancário. Julgo que quem vai perder com isto são os bancos. Ninguém com o mínimo de dignidade quererá continuar a pôr o dinheiro à guarda de instituições de portas escancaradas. Que dirá de mais um atentado à Constituição o PCP e o BE?


         - Do mesmo modo, defendo que as mulheres islâmicas tenham liberdade de usar burkini nas praias. Não vejo em que isso incomode as francesas que se banham quase nuas ou até em pelo. A partir do momento em que foram autorizadas as mesquitas e todos os ritos religiosos que vão em conformidade, é inadmissível que proíbam um dos fundamentos que faz parte do todo. Eu se tivesse que emigrar para um país sob a lei corânica, adaptar-me-ia ao que fosse uso e costume, mas não tenho o direito de impor isso aos que escolheram o meu país para viver.