Terça, 16.
Não vejo hora de chegar a Paris e
precipitar-me para o Petit Palais. Vai inaugurar um pouco antes de eu chegar,
uma imensa retrospectiva da vida e obra de Oscar Wilde julgo que a primeira.
Todos os anos dedico um ou dois dias a percorrer alfarrabistas em busca de
estudos sobre a sua obra e, sobretudo, ensaios de aprofundamento do processo
que o condenou, em 1895, por homossexual. Foi o maior crime de cinismo cruel cometido
no reinado da rainha Victória, e de que a descendência da horrorosa (não só por
ser feiona, mas por ser obscena) soberana até hoje nunca se escusou. Depois,
quero subir ao cemitério Père-Lachaise para lhe deixar uma flor e uma prece na
campa que o escultor Jacob Epstein desenhou.
- Os fogos com o seu rosário
de abandono das populações e devastação dos bens materiais e imateriais, tende
a chegar ao fim. A seguir vem a ladainha dos políticos e autarcas com o
responso de promessas que nunca cumprem, mas salvam-lhes a pele de ser tostada
nas labaredas do crime. Mais tarde as serras e as casas, o gado e os campos,
fazem o luto da tragédia e tudo em conjunto ficará sepultado sob o imenso manto
de cinzas, seixos e negritude, trevas e tristeza que o Inverno selará no
horizonte sem vista para o azul do céu. O Verão espreita do outro lado do
calendário para de novo receber os criminosos que nenhuma justiça condenou.
- Na Turquia, apesar da repressão, prisão, controlo dos meios de comunicação
a centenas de juízes, professores, jornalistas, militares, os homens do PKK conseguiram
fazer explodir uma esquadra e matar três polícias e ferir vários outros agentes
da autoridade. Quem disse que a opressão é um meio eficaz de conter a
liberdade.