Quarta, 3.
O IMI é a galinha dos ovos d´ouro para os
governos e autarquias; os proprietários de imóveis a presa fácil de lhes
extorquir somas fabulosas. O actual governo socialista, decidiu aumentar o
imposto que não tem cessado de crescer nos últimos anos, imagine-se, a todos os
prédios e casas onde entre ou que estejam voltados ao nosso tão querido e propalado
sol. Esta não lembra nem ao pior tinhoso! Acontece como somos um país
soalheiro, poucos prédios haverá onde o Estado não vá sacar mais umas centenas
de euros por ano. Numa pocilga existe um sol radioso, pagas. Numa barraca
isolada numa colina banhada pelo sol, pagas. Por uma nesga de uma baiuca chega
o astro-rei, pagas. E assim por diante. Quer dizer, pagamos por termos nascido
num lugar bafejado pelo bom clima, como se Portugal fosse um país do Norte da
Europa onde o sol é escasso e quando aparece precipita para as janelas e
varandas, jardins e espaços abertos toda a gente. Nesses países talvez devesse
haver um imposto assim, porque o sol é mitigado... Tudo isto passa-se num
executivo composto pelo PCP. Como foi possível que o Partido Comunista
deixasse passar um imposto injusto, incompreensível, absurdo que ataca todos
os portugueses! Que faz ele numa coligação destas! Acresce que vivemos – dizem
– num sistema democrático que mais parece uma democracia ditatorial, onde o
povo amocha, é carregado de impostos, passou a trabalhar apenas para os pagar e
onde tudo aumenta menos os ordenados e as pensões. Em breve somos uma massa
compacta de condenados por termos nascido num país de autocratas que até nos
obrigam a pagar o sol. Para não falar na excentricidade dos poderes discricionários
dados ao fisco e presidentes de câmara que deles farão uso como muito bem
entenderem – a lei tudo permite. Voltámos para trás não sei quantos anos. A
ganância do Estado reflecte-se nos pobres coitados, deixando os tubarões à
solta a amassar somas diabólicas. Tudo porque a nossa estimada União Europeia
exige cada vez mais dos pobres e quase nada dos ricos. Costa repôs os salários
e pensões tirados por Passos, mas vai buscar muito mais com subterfúgios
indecentes que empobrecem ainda mais os contribuintes. Até quando?
- Suprimi as páginas 214 a 222 do romance. Estão bem escritas, são do
ponto de vista narrativo cativantes e divertidas, mas não fazem parte da
profundidade que constitui o conjunto estão, portanto, a mais. Doeu-me fazê-lo,
porque tive de arranjar coragem para desistir de algo que levou tempo a pensar
e a construir. Mas o que tem que ser tem muita força.