quinta-feira, agosto 04, 2016

Quinta, 4.
Num espectáculo de música popular no Norte, um incêndio gigantesco reduziu a cinzas quatro centenas de automóveis poupando os espectadores. Os bombeiros sabem onde começou (num dos veículos estacionados no parque), mas não conseguiram apurar as causas. Seja como for, é triste que um acontecimento que é suposto oferecer a todos alegria e momentos descontraídos, tenha trazido a desgraça. Depois, num país cujas seguradoras só existem para cobrar os prémios e oferecem toda a sorte de resistência a pagar os prejuízos, não se espera nada de consentâneo para os prejudicados.

         - Estão um pouco esquecidos os infelizes da sorte. O futebol primeiro, os atentados depois, desviaram a atenção dos media para os dramas que continuam a chegar diariamente às costas marítimas da Grécia e da Itália. São aos milhares os sortudos que conseguem desembarcar sãos e salvos, mas muitas centenas ficam sepultados no fundo do mar. Cumpre-se a natureza humana: cada um por si e Deus (esperemos) por todos.

         - Aquele que anunciou inchado de orgulho o novo imposto solar sobre imóveis, aceitou ir a França convidado da Galp que patrocinou a Selecção Nacional de Futebol. Ora, como sua excelência é nada mais nada menos que Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, e a empresa tem um montante em tribunal para pagar de mais de 150 milhões de euros, é claro que o bom senso levaria a que não aceitasse tal convite. Parece que o sujeito vai devolver a importância e apagar assim a eterna cumplicidade entre interesses públicos e privados que os portugueses tanto condenam, e fá-lo para que “não restem dúvidas sobre a independência do Governo e dele próprio (sic)”. Será!? Ou será porque veio a lume mais uma caranguejola socialista e a vaidade que eles adoram exibir quando se instalam no poder. Ou sendo todos cúmplices na trafulhice se benzem mutuamente.  


         - Os emigrantes voltaram em força. Os daqui que me conhecem, vêm bater-me à porta a desafiar para almoços e jantares. Falam-me em francês e eu retribuo em português. Anteontem fui a casa de um e durante todo o jantar entre nacionais, o único que falou a língua comum a todos, fui eu. Bizarros e amáveis seres, estes portugueses do Norte.