Quinta, 4.
Num espectáculo de música popular no
Norte, um incêndio gigantesco reduziu a cinzas quatro centenas de automóveis
poupando os espectadores. Os bombeiros sabem onde começou (num dos veículos estacionados
no parque), mas não conseguiram apurar as causas. Seja como for, é triste que
um acontecimento que é suposto oferecer a todos alegria e momentos descontraídos,
tenha trazido a desgraça. Depois, num país cujas seguradoras só existem para
cobrar os prémios e oferecem toda a sorte de resistência a pagar os prejuízos,
não se espera nada de consentâneo para os prejudicados.
- Estão um pouco esquecidos os infelizes da sorte. O futebol primeiro,
os atentados depois, desviaram a atenção dos media para os dramas que continuam
a chegar diariamente às costas marítimas da Grécia e da Itália. São aos
milhares os sortudos que conseguem desembarcar sãos e salvos, mas muitas
centenas ficam sepultados no fundo do mar. Cumpre-se a natureza humana: cada um
por si e Deus (esperemos) por todos.
- Aquele que anunciou inchado de orgulho o novo imposto solar sobre
imóveis, aceitou ir a França convidado da Galp que patrocinou a Selecção Nacional
de Futebol. Ora, como sua excelência é nada mais nada menos que Secretário de
Estado dos Assuntos Fiscais, e a empresa tem um montante em tribunal para pagar
de mais de 150 milhões de euros, é claro que o bom senso levaria a que não
aceitasse tal convite. Parece que o sujeito vai devolver a importância e apagar
assim a eterna cumplicidade entre interesses públicos e privados que os
portugueses tanto condenam, e fá-lo para que “não restem dúvidas sobre a
independência do Governo e dele próprio (sic)”. Será!? Ou será porque veio a
lume mais uma caranguejola socialista e a vaidade que eles adoram exibir quando
se instalam no poder. Ou sendo todos cúmplices na trafulhice se benzem
mutuamente.
- Os emigrantes voltaram em força. Os daqui que me conhecem, vêm bater-me
à porta a desafiar para almoços e jantares. Falam-me em francês e eu retribuo
em português. Anteontem fui a casa de um e durante todo o jantar entre
nacionais, o único que falou a língua comum a todos, fui eu. Bizarros e
amáveis seres, estes portugueses do Norte.