terça-feira, maio 17, 2016

Terça, 17.
No sábado, na exposição do Guilherme Parente, encontrei velhos amigos que não via há algum tempo: Rocha Pinto, António Segurado, Sérgio Pombo, outros mais. A galeria propriedade da neta de José Saramago, é uma ratoeira para os incautos, com os seus degraus de divisão em divisão. De resto, toda a concepção do espaço é quanto a mim um desastre de aproveitamento. E quando o número de visitantes é assinalável como foi o caso, tudo se complica e ver os quadros torna-se um exercício impossível. Por isso, o convívio ocorreu na Rua da Atalaia, no meio dos carros e do carnaval que é hoje o Bairro Alto. Não é só nesta zona de Lisboa, mas em todo o Chiado onde os turistas abundavam e uma catadupa de “artistas” faz as honras da casa. Felizmente que o meu recreio aconteceu no encontro com o Simão e a Conceição que expunham livros antigos na Rua da Anchieta. Muito nos divertimos, rimos, galhofámos. Eu estava impossível de aturar, misturando livros e autores, com curiosos e leitores. Eu levei George Sand, a terrível mulher que queria ser homem e tantos homens amou, ajudou ao meu delírio. 
O escultor Vergílio e a mancha de tinto na camisa qual decoração pela amizade que nos une...

         - Quanto aos trabalhos do Guilherme são, como sempre, excelentes. Se os visse no Japão ou na Índia, nos EUA ou no Botsuana, identificá-los-ia imediatamente. O artista possui um cunho pessoal de profunda identificação com a Arte. Há em toda a sua obra uma matriz identitária, onde a temática assenta em vislumbres de cor e pictogramas que parecem vir de muito longe em cintilações encantatórias. Os azuis povoados de nuvens brancas, os vermelhos, os amarelos são, digamos, os elementos que caracterizam a base que depois se expande na multiplicação e combinação de cores absolutamente arrebatadoras. Desta vez não foram as grandes telas que me atraíram - talvez porque o espaço não lhes era favorável. Do que eu gostei, foi de uma série de pequenos quadros sob fundo escuro, que foram bem escolhidos para o espaço que lhes foi reservado. Geronimus Bosh e Guilherme Parente – dois aristas que se desafiam.

Paisagem II

O papão II

A lua misteriosa 

         - A gente olha distraída para o folclore futebolístico e ao ver aqueles rostos, ao escutar aquele português, desviamos o olhar e dizemos: “está tudo em consonância”.


         - Pelos vistos não são só as pessoas que têm perturbações cerebrais, também o clima segue-lhes a tendência. Na Serra da Estrela voltou a abrir uma das pistas de esqui pela simples e estranha razão de que a neve tem caído neste mês de Maio quase Junho. Eu, há dias, tive tanto frio de noite que voltei a cobrir-me com o edredão e liguei o calorífero. Isto deve ser uma qualquer macumba chinesa para subir os lucros da eléctrica.