Segunda, 30.
Definitivamente tenho que me conformar
sem me deixar abater: a sarna do futebol não nos larga. Acabado este e aquele
campeonato, logo se perfila esta e aquela competição, tudo para sacar o máximo
ao povo alienado que, sendo pobre e iletrado, não se dá conta que mais pobre
fica. Esta obsessão que antigamente a esquerda quis erradicar por nefasta e
fazendo o jogo alienante do salazarismo, está mais pegajosa que nunca. Com uma
extraordinária diferença: antes os jogadores vestiam a camisola do desporto e
da alegria da comunicação partilhada em igualdade com os adeptos, em sã
camaradagem, sem as pressões dos ganhos que hoje comandam e desfiguram uma actividade
que devia ser sadia, para não falar dos ganhos escandalosos que colocaram uma
pedra gigante entre jogadores e espectadores que viram o desporto fugir-lhes
das vistas e ser tomado de assalto pelos gorilas da santificação dos lucros
criminosos. Saloios de pé descalço, analfabetos, são hoje os grandes dirigentes
de equipas-máquinas de fazer dinheiro. São eles que aprenderam a triturar
pessoas, jogadores, políticos, administradores e técnicos. Têm todos e tudo nas
mãos e como não sabem o que e a ética, só a ambição lhes interessa e mais gozo
de usufruírem do mundo a seus pés. Dominam a terra, os Estados, os Governos, as
autarquias e trazem subjugados e rendidos milhões de pessoas. São a terrível
máquina da alienação e do descontrolo das mentes e das consciências. Aprisionam
os pobres a uma quimera obrigando-os a pagar caro a sua rendição. São uma sarna
que infectou o corpo social, a juventude, destrói o Planeta e por onde passa em
glória deixa um rasto de morte, sofrimento e miséria.