Sábado, 7.
O nosso anafado Durão Barroso, anunciou a
Portugal que vai deixar a política activa para se dedicar aos negócios, às
conferências e a umas aulas avulso por aqui e por acolá. O povo suspirou de
alívio, porque naquela derradeira tentativa há ano e meio para ser Presidente da
República ele resmungou e disse-lhe na cara rechonchuda: dégage, exit ou melhor rua,
pá! É um dos grandes chicos-espertos da nossa cena política. Medíocre
presidente da triste União Europeia onde trabalhou bem a baralhada de
interesses dos mais fortes, tatibitates primeiro-ministro e ministro dos
Negócios Estrangeiros, perpetuamente exibindo o sorriso pateta que alargou cinismos
e cobardias, com uma sólida conta bancária que foi tudo o que lhe interessou a
par da dignidade que os cargos oportunistas que no seu parecer e arrogância lhe
conferem prestígio, ei-lo senhor de uma
posição pessoal que desde os tempos de militante no MRPP (por aqui se imagina a
personagem) não acreditava vir a alcançar. Que abafes na podridão da riqueza,
pá.
- A “geringonça”, proclama António Costa, está sólida. Que Deus a
conserve, porque o PS sozinho no poder, seria o maior desastre que nos tocava.
Com o PCP e o BE a controlá-lo, não deixam descarrilar o comboio que tenderia a
entrar em marcha acelerada na estação do PSD. O pouco de equilibrado e bem realizado
que Costa e seus muchachos têm feito, agradecesse à esquerda, a verdadeira, a
que não se conhece tocada pela cobiça, a ganância, o roubo e a corrupção. Disse
e redigo: não há como a malta do PS para idolatrar o dinheiro e as honrarias. Por
isso, louvo Jerónimo de Sousa e a menina arrebitada do BE. Resistam!
- O fogo levou as autoridades a evacuar da cidade Fort MacMurray no
noroeste do Canadá, 80 mil pessoas. A região é densamente arborizada e não se
sabe como o incêndio começou. Um hospital com 100 mil doentes foi também
esvaziado.
- O tremendo pontapé de António Guerreiro ao romance de Rentes de
Carvalho impressiona pelo rigor, pela leitura atenta do crítico, pelo tiro
certeiro a uma obra que se assemelha na sua plataforma gongórica à de Mário
Cláudio se exceptuarmos o seu último romance. Todavia, devo dizer que gosto do
nosso escritor holandês, admiro a sua coragem, a sua independência, uma certa
visão do mundo. O que detesto nele como em quase todos os novos escritores, é
tomarem-se de importância com uma escrita densa, complicada, rebuscada, em
desprimor da frase cristalina, do português limpo, do discurso trabalhado para
o leitor colher a magia das palavras como qualquer coisa que acontece e não é
rebuscada nos dicionários da “hiperliteratura” e do "pastiche”.
- Dia de trevas. Homogeneidade de tons cinzentos. Ventos descontrolados.
Ladainha triste tocada ao longo das horas abafadas de soturnidade.