Domingo, 29.
Francamente não há pachorra para aturar a
zelotipia (Passos Coelho e mãe de todas as mães vão ao dicionário descobrir o
significado) que exibem despudoradamente. Ela por querer impor-se à dúzia dos
homens do táxi e passar à frente do ex-primeiro-ministro em sabedoria e
hipocrisia política; ele por ter a saudade e o gosto do poder e não se ver a
pregar a um rebanho ambicioso de lugares e negociatas. Por isso, felizmente
para António Costa, não há oposição. Mas devia haver. A democracia ganharia com
isso e os portugueses muito mais. Seja como for, o professor Marcelo
encarrega-se de ocupar o lugar e os tempos dos seus adversários.
- Outro dia, não sei a que propósito, o Guilherme falou de Londres. Logo
embarcámos numa viagem pela capital londrina dos anos Setenta. Vim a saber que
o meu amigo percorreu os mesmos sítios que eu, na mesma época e com idênticos fins.
Pena que ainda não nos conhecêssemos. A dada altura ele perguntou-me onde vivi.
Quando lhe disse Kilburn, quase saltou da cadeira, aqueles olhos de jeune homme efervescentes muito abertos:
“então fomos vizinhos”. Depois falámos da horrorosa cozinha inglesa e eu
disse-lhe que para me purgar ia ao Suisse Center que havia inaugurado há pouco
tempo ao lado de Piccadilly Circus. Ele fazia o mesmo e a viagem só não foi
mais longa porque outros temas se interpuseram. Contudo, por onde andámos,
deixou-me um perfume de nostalgia que me acompanhou até casa e hoje a esta
página.
- A OMS que parece ser parceira do mundo corrupto do futebol, rejeitou o
parecer de um punhado de especialistas e professores das universidades de
Oxford, Harvard e Yale segundo os quais “a estirpe brasileira do vírus Zika
prejudica a saúde de formas a que a ciência não tinha observado até agora” e
por isso aconselharam o adiamento dos Jogos Olímpicos para não acelerar a
disseminação do vírus. Mas a Instituição e o planeta do futebol, recusaram. O
professor Amir Attaram da universidade de Otava, no Canadá, que subscreveu o
parecer, afirma na Harvard Public Heath
Review que o Rio de Janeiro registou até ao momento 26 mil casos suspeitos
de Zika – o valor mais elevado em todo o país e a quarta taxa de incidência da
infecção. Evidentemente, que o povoléu da política, tal como aconteceu com a
Banca e as multinacionais, está de joelhos diante dos dirigentes desportivos
que os compram sob diversas formas e métodos, não irá ouvir os cientistas e os
médicos. Se morrerem uns milhares e centenas de recém-nascidos vierem ao mundo
com malformações, azar deles. Quem os mandou ir pôr-se na boca do lobo! É mais
ou menos esta a filosofia.