domingo, maio 29, 2016

Domingo, 29.
Francamente não há pachorra para aturar a zelotipia (Passos Coelho e mãe de todas as mães vão ao dicionário descobrir o significado) que exibem despudoradamente. Ela por querer impor-se à dúzia dos homens do táxi e passar à frente do ex-primeiro-ministro em sabedoria e hipocrisia política; ele por ter a saudade e o gosto do poder e não se ver a pregar a um rebanho ambicioso de lugares e negociatas. Por isso, felizmente para António Costa, não há oposição. Mas devia haver. A democracia ganharia com isso e os portugueses muito mais. Seja como for, o professor Marcelo encarrega-se de ocupar o lugar e os tempos dos seus adversários.

         - Outro dia, não sei a que propósito, o Guilherme falou de Londres. Logo embarcámos numa viagem pela capital londrina dos anos Setenta. Vim a saber que o meu amigo percorreu os mesmos sítios que eu, na mesma época e com idênticos fins. Pena que ainda não nos conhecêssemos. A dada altura ele perguntou-me onde vivi. Quando lhe disse Kilburn, quase saltou da cadeira, aqueles olhos de jeune homme efervescentes muito abertos: “então fomos vizinhos”. Depois falámos da horrorosa cozinha inglesa e eu disse-lhe que para me purgar ia ao Suisse Center que havia inaugurado há pouco tempo ao lado de Piccadilly Circus. Ele fazia o mesmo e a viagem só não foi mais longa porque outros temas se interpuseram. Contudo, por onde andámos, deixou-me um perfume de nostalgia que me acompanhou até casa e hoje a esta página.


         - A OMS que parece ser parceira do mundo corrupto do futebol, rejeitou o parecer de um punhado de especialistas e professores das universidades de Oxford, Harvard e Yale segundo os quais “a estirpe brasileira do vírus Zika prejudica a saúde de formas a que a ciência não tinha observado até agora” e por isso aconselharam o adiamento dos Jogos Olímpicos para não acelerar a disseminação do vírus. Mas a Instituição e o planeta do futebol, recusaram. O professor Amir Attaram da universidade de Otava, no Canadá, que subscreveu o parecer, afirma na Harvard Public Heath Review que o Rio de Janeiro registou até ao momento 26 mil casos suspeitos de Zika – o valor mais elevado em todo o país e a quarta taxa de incidência da infecção. Evidentemente, que o povoléu da política, tal como aconteceu com a Banca e as multinacionais, está de joelhos diante dos dirigentes desportivos que os compram sob diversas formas e métodos, não irá ouvir os cientistas e os médicos. Se morrerem uns milhares e centenas de recém-nascidos vierem ao mundo com malformações, azar deles. Quem os mandou ir pôr-se na boca do lobo! É mais ou menos esta a filosofia.