Sexta, 22.
Com a tomada de Palmira pelos fanáticos
barbudos da Deach, o mundo suspendeu a respiração temendo pelo destino do
fabuloso conjunto arquitectónico da rainha Zenóbia, na Síria. As pedras como
elemento de memória que deviam ser mais resistentes ao tempo, são afinal tão
frágeis como o papiro ou a partitura musical, o livro ou a tela. Como legado de
um passado que a todos pertence e a todos irmana, Palmira já sofreu no tempo do
imperador Aurélio no séc. III a destruição (como se vê a barbárie vem de longe),
e agora pode de novo ser reduzida a cinzas às mãos de uns selvagens que
apostaram em destruir tudo o que nasceu antes do Islão e, por conseguinte,
no seu entender nunca devia ter existido ou existindo deve deixar de existir. Como
é isto possível! Como é que um exército de camelos armados de pouca coisa,
consegue progredir em duas frentes – Iraque e Síria – tendo na sua peugada
exércitos dignos desse nome! Só encontro uma explicação: a falta de coerência e irracionalidade americana e a submissão europeia a uma política cujas raízes
destruidoras começaram já no tempo de Reagan e refinaram de mentiras e interesses
vários com Bush.