quinta-feira, maio 14, 2015

Quinta, 14.
Aquela coisa chamada Kim Jong-um mandou executar o ministro da Defesa porque este passou pelas brasas durante uma cerimónia ao divino ditador. Não é o primeiro. Antes dele e para além de membros da classe política, foram abatidos também familiares próximos do paranoico líder da Coreia do Norte. Em pleno século XXI.

         - Eu fiz bem em não seguir os clichés do Príncipe segundo o qual o filme Suite Francesa é obra para ser produzida por franceses e não por ingleses, portanto, entenda-se menor. O realizador é Saul Dibb que sabe muito bem dirigir os actores, criar a atmosfera que enquadra a chegada dos nazis a Paris e a consequente fuga de milhares de parisienses da capital em direcção à província em breve também ela tomada de assalto pelas tropas de Hitler. Num restrito lugar, espécie de aldeia parada no tempo feliz, uma família vai ter que dispensar a sua casa para albergar um tenente das SS. Entre este oficial alemão interpretado magistralmente por Mattias Schoenaerts e a nora da família dona da vivenda, vai nascer um romance tenso, psicologicamente bem traçado, sensível, onde cabe a revolta, o ódio ao invasor, mas onde o coração mergulhado nas trevas medonhas que então vivia a França, vai falar mais alto e sobrepor-se ou expor o que subjaz sempre que o ser humano esquece a vingança e deixar falar o amor. Gostei imenso do filme e recomendo-o. Acresce que ele é tirado do romance de uma escritora de origem Ucraniana, Irene Némirovsky, que como ninguém sabe do que fala porque viveu a guerra tendo-se refugiado em Paris e depois em Nova Iorque.   

         - Entrei no Corte Inglês praticamente pronto a seguir para o hospital se desse crédito à farmacêutica a quem eu pedi ajuda devido a uma picada de abelha pelas nove da manhã quando capinava em torno do Mirtilo. A inflamação que tinha começado numa mão, já se estendia pelo braço com inchaço e vermelhão assustadores. Segundo a trágica boticária, eu devia ir ao hospital com urgência levar uma injecção. “Por tão pouco!” indignei-me eu. Pensei então ir encontrar remédio na peixaria do supermercado. Mostrei a um simpático peixeiro que encontrei o braço e pedi-lhe daquele gelo mastigado. O homem recuou aflito e aconselhou-me a seguir o parecer da farmacêutica. “Sim, lá irei. Mas antes arranje-me um saco com gelo.” O sujeito meteu em dois sacos de plástico o suficiente para tratar um cavalo. Assim abastecido fui ver o filme acima referido. Durante as duas horas que dura a película, quase queimei a mão e o braço, mas quando saí tive a sensação que estava quase curado. Em casa, à noite, repeti a dose. No dia seguinte acordei pronto para outra, confessando sem sadismo que gosto dos ferrões das abelhas e só aplico Fenistil quando já não suporto mais a dor. Foi o caso.