Segunda, 18.
Um clube de futebol com os energúmenos
que vandalizaram equipamentos públicos, investiram sobre adeptos da equipa
contrária, mobilizaram a Praça Marquês de Pombal, em Lisboa, compeliram a
polícia a fechar ruas e avenidas aos automobilistas, feriram guardas em
escaramuças até altas horas da manhã obrigando-os a assistência hospitalar,
deixaram locais públicos em estado de sítio com as consequentes despesas pagas
por nós que nada temos a ver com as suas alienações e taras, só porque meia
dúzia de maduros em cuecas, sob um calor escaldante, andaram duas horas atrás
de uma bola que lhes fugia em todos os sentidos e com isso ganharam um
campeonato qualquer que não vem nos manuais de cultura civilizacional. No nosso
triste país ao futebol tudo é permitido. E lembrar-me eu que ouvia dizer no
tempo de Caetano que a religião e o futebol eram alienações do Estado Novo a
abater.
- É deplorável o fim do mandato de Barak Obama. Foi ele que impôs os
drones que é uma arma obscena e bárbara própria dos fracos. Nenhum exército
digno desse nome, devia aceitar matar com um objecto sem rosto que não desafia
corpo a corpo o adversário. A recente incursão das forças especiais
norte-americanas na Síria com o objectivo (concretizado) de matar o segundo
responsável da Daech, mesmo contra aquilo a que o Presidente dos Estados Unidos
tinha afirmado, é o exemplo de uma política desastrosa e assassina que ignora a
origem criminosa da invasão do Iraque de onde irradiam todos os conflitos
mundiais existentes nos nossos dias.
- Ontem, imprevistamente, deu-me para olhar com desvelo para a minha
modesta discoteca de clássicos. Logo me apercebi da anarquia que reinava nas
estantes e armários e pus mãos à obra a fim de repor por autor as centenas de
CDs, discos de vinil e 45 rotações. Ao todo umas duas horas abençoadas que de
caminho levantaram-me também a limpar o pó que se foi acumulando ao longo dos
anos. Alguns não os ouço há séculos, até porque não consigo trabalhar na
escrita de um romance com qualquer fundo musical. Necessito do silêncio total,
da concentração absoluta. Não escapei, contudo, enquanto ia avançando na
arrumação, a ouvir William Walton que é um dos meus: Sinfonia nº 1 que possuo duas versões de Sir Alexander Gibson e
André Previn e Suite para Henry V.