segunda-feira, maio 18, 2015

Segunda, 18.
Um clube de futebol com os energúmenos que vandalizaram equipamentos públicos, investiram sobre adeptos da equipa contrária, mobilizaram a Praça Marquês de Pombal, em Lisboa, compeliram a polícia a fechar ruas e avenidas aos automobilistas, feriram guardas em escaramuças até altas horas da manhã obrigando-os a assistência hospitalar, deixaram locais públicos em estado de sítio com as consequentes despesas pagas por nós que nada temos a ver com as suas alienações e taras, só porque meia dúzia de maduros em cuecas, sob um calor escaldante, andaram duas horas atrás de uma bola que lhes fugia em todos os sentidos e com isso ganharam um campeonato qualquer que não vem nos manuais de cultura civilizacional. No nosso triste país ao futebol tudo é permitido. E lembrar-me eu que ouvia dizer no tempo de Caetano que a religião e o futebol eram alienações do Estado Novo a abater.

         - É deplorável o fim do mandato de Barak Obama. Foi ele que impôs os drones que é uma arma obscena e bárbara própria dos fracos. Nenhum exército digno desse nome, devia aceitar matar com um objecto sem rosto que não desafia corpo a corpo o adversário. A recente incursão das forças especiais norte-americanas na Síria com o objectivo (concretizado) de matar o segundo responsável da Daech, mesmo contra aquilo a que o Presidente dos Estados Unidos tinha afirmado, é o exemplo de uma política desastrosa e assassina que ignora a origem criminosa da invasão do Iraque de onde irradiam todos os conflitos mundiais existentes nos nossos dias.


         - Ontem, imprevistamente, deu-me para olhar com desvelo para a minha modesta discoteca de clássicos. Logo me apercebi da anarquia que reinava nas estantes e armários e pus mãos à obra a fim de repor por autor as centenas de CDs, discos de vinil e 45 rotações. Ao todo umas duas horas abençoadas que de caminho levantaram-me também a limpar o pó que se foi acumulando ao longo dos anos. Alguns não os ouço há séculos, até porque não consigo trabalhar na escrita de um romance com qualquer fundo musical. Necessito do silêncio total, da concentração absoluta. Não escapei, contudo, enquanto ia avançando na arrumação, a ouvir William Walton que é um dos meus: Sinfonia nº 1 que possuo duas versões de Sir Alexander Gibson e André Previn e Suite para Henry V.