segunda-feira, maio 16, 2022

Segunda, 16.

O passado feliz é sempre um recurso, uma prancha de salvação que temos à disposição dentro de nós para enfrentarmos o presente. É a ele que frequentemente me agarro quando me sinto soçobrar ou quando a descrença se instala e tolda os dias de uma sombra paralisante. Estando próximo e distante desse mundo que faço presente, é ele que passa a moldar as horas transformando-as à sua imagem, com a riqueza de todos os desaparecidos se apresentam à recordação que a tristeza convocou.  A sua força é tal que tudo altera, inundando de luz os espaços interiores, trazendo à realidade o incentivo para continuarmos a olhar o horizonte rasgado de esperança. 

         - Um rapaz de 18 anos, há dois dias, avançou sobre um centro comercial, em Buffalo, EUA, e varreu 10 pessoas de rajada. Na base deste horroroso crime, está o racismo. Todos os mortos (escolhidos?) eram negros. 

         - A Coreia do Norte, dois anos depois da invasão do SARS COV-2, anuncia de súbito um milhão de pessoas infectadas com o vírus a que chama simplesmente “febre”, provavelmente para não comprometer os seus amigos do Governo chinês que são a barriga de aluguer do bicho. Nos regimes ditatoriais, tudo é permitido: chamar aos nomes científicos o que o ditador ordenar, fazer dos outros povos idiotas por não compreenderem a robustez e resistência dos escravos do senhor Kim Jong-un.  

         - Vou ter cá amanhã um homem a fresar a terra e limpá-la do mato. Por isso, ontem preparei o espaço onde plantei alfazema, cortando a erva com metro de altura, de modo a que a máquina não leve tudo na dianteira. Hoje, prossegui a roçaga no jardim. Talvez na próxima tenha este completamente limpo de erva ruim. Ontem, à parte a leitura dos jornais, nada escrevi, nada li. Apatia sinistra.