domingo, maio 15, 2022

Domingo, 15.

Por este tempo subitamente quente, lembro-me de Julien Green. Quando anteontem fui ao encontro do João, os rapazes aqui deste “deserto”, assim como os que sendo ou não da capital exibiam pernas peludas, depiladas ou ao natural com a galhardia que só a juventude pode oferecer, foi nele que pensei. Green não podia ver pernas bem feitas porque regressava a casa abatido de excitação. Com ele não era só um belo rosto que  perturbava, era também o corpo desde que não fosse peludo. Detestava rapazes cabeludos e quando já no quarto eles se despiam e observava camadas excessivas de penugem, pagava-lhes e conduzia-os à porta. Tinha um verdadeiro horror aos corpos com cabelo por todo o lado; mas não lhe escapavam as coxas fortes e imareadas dos rapazinhos parisienses. 

         - Passou-me despercebida a recente prisão do cardeal emérito Joseph Zen, 90 anos, acusado pela China de “conluio com forças estrangeiras”. Ele e mais três ilustres membros defensores dos direitos humanos e fundadores do Fundo de Apoio Humanitário de ajuda aos participantes nos protestos democráticos de 2019. Quem realça este facto, é Teresa de Sousa no seu artigo “A China não sabe o que fazer com a guerra de Putin”. Pois é. Eu desde o seu começo que escrevi que a guerra da Ucrânia era para ser olhada com toda a atenção por Xi Jinping ping ping. A forma como a Rússia sair dela, é a resposta que Hong Kong tanto aguarda.  

         - A canção trolaró da Ucrânia, vencedora do Festival da Canção, que ouvi esta manhã na TSF é banal, e ganhou empurrada pela revolta da invasão  Rússia. É, portanto, ganhadora política como, de resto, nos aconteceu a nós no tempo do fascismo com os temas de Ary dos Santos e as vozes (magníficas) de Tordo e Paulo Carvalho. Eram muito melhores a da Espanha, Inglaterra ou até a portuguesa que fui ouvindo ao longo do dia de hoje. 

         - Assim como acho detestável que a possível doença de Putin sirva a tantos como arma de arremesso àquilo que deve ser tratado por crime e invasão irresponsável e prepotente a um Estado soberano. Putin é criminoso, mas as suas fragilidades físicas, devem ser respeitadas enquanto ser humano sofredor. De contrário, tornamo-nos tão condenáveis como ele.   

         - Por isso, considero os soldados russos perfeitos assassinos e idiotas, quando semeiam o terror à sua passagem por povoações conquistadas. A par dos ataques a civis indefesos, praticam violações em mulheres e até em homens e rapazes. Estas monstruosidades levam-me a descrer no povo russo de onde emana o Exército.  

         - A Maria José esteve no fim de semana passado num acontecimento cultural no Porto (onde não faltou também o Presidente da República), e contraiu covid-19. Vacinada duas vezes, o vírus atacou-a forte: falta de apetite, olfacto, febre e entorpecimento muscular dos membros inferiores.