quarta-feira, maio 18, 2022

Quarta, 18. 

Há uma data de anos que não comungo, embora vá à missa com frequência. Comungar significa estar puro de ofensas a Deus e para tal só a confissão, o arrependimento e o perdão nos preparam para receber o corpo de Cristo. Acontece que ao padre onde o homem se assenta e neste aquele se ausenta, reside as minhas suspeitas e confiança. Podia receber a comunhão pedindo perdão dos meus pecados a Deus como, de resto, nos ensina a Bíblia. Tenho, contudo, de trabalhar antes nesse sentido, procurar a união com o Senhor, pedir-Lhe que me ajude a vencer o que nos separa. Aliás, (Act 11-27-28-29), Paulo é claro: “Assim: aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se (cá está) cada pessoa a si própria e assim coma deste pão e beba deste cálice. Pois quem come e bebe, come e bebe a própria condenação ao não distinguir o corpo.” Nesta Carta aos Coríntios refere-se o Apóstolo à comunidade enquanto corpo de Cristo, como observa Frederico Lourenço em nota de rodapé. Os primitivos cristãos “confessavam-se” directamente a Deus pedindo-Lhe misericórdia e perdão pelos seus pecados.  

         - Apenas oito votos contra adesão da Finlândia à NATO. O Parlamento do país aprovou assim, terça-feira, por larga maioria a entrada do país na NATO. Não houve uma só abstenção. Hoje a Finlândia e a Suécia entregaram a candidatura que marca o fim de oito décadas de não-alinhamento. 

         - Nunca me entendi bem com o dinheiro; a sorte é que, sendo poupado, ele vai esticando quando penso que mingua. 

         - Novos doentes por covid, nesta semana, atingiram 20 mil diários. Como sempre aconteceu, o governo hesita, multiplica-se em argumentação, mas a doença entretanto vai galopando. Eu mantenho os mesmos hábitos: máscara, distanciamento (sobretudo), lavagem de mãos, duas laranjas diárias. 

         - Há dias falei dos tormentos que Julien Green passava quando descia às ruas e deparava com pernas jeitosas de rapaz esbelto. Pois, ontem ao serão, não tendo ainda subido o Diário Toute Ma Vie para arrumar da biblioteca de cima, folheei o terceiro volume e deparei com esta entrada: 8 de Julho de 1946: “Tranquille aujourd´hui parce que je suis peu sorti et que j´ai vu peu de belles jambes.” 

         - Ontem, cheguei à noite estafadinho, depois de todo o dia andar lá fora a orientar o homem que veio limpar a quinta das ervas daninhas com mais de um metro. De seguida passámos ao corte das silvas que são uma espécie de muro contra invasores, mas que tinham avançado tanto que tomaram uns metros de terreno, impondo-se às laranjeiras, tangerineiras, figueiras. Depois, pelas sete da tarde, ele substituiu os crivos da rega automática, colocando os novos que eu havia montado à luz de uma vela. No final, tive a bela ideia de lhe propor um desconto contra a dádiva da máquina de aparar relvado, e para meu espanto ele aceitou. A meu velho corta-relva, que me tomava uma manhã para pegar, quando ele tentou, abriu logo a boca num riso cínico de despedida. Hoje de manhã, fui a Setúbal comprar uma Stihl – pega como os viciados com um beijo. Ufa! Ufa!