sexta-feira, janeiro 22, 2021

Sexta, 22. 

O Chega e o senhor Ventura são uma criação da esquerda. 

         - Não descoremos o que se passa no mundo para além da Covid. Por exemplo, a coragem de Alexei Navalny que, depois de curado na Alemanha do envenenamento putiniano, regressou a Moscovo. Foi preso à chegada para ser julgado por difamação de um veterano da Segunda Grande Guerra, em Julho do ano passado. O comité de investigação acusou-o de ter lançado falsas informações contra a dignidade do vetusto homem que na TV defendeu o referendo constitucional que fortaleceu e segurou no poder por muitos anos Putin. Navalny acusa o Presidente russo de ter ordenado o seu assassínio com novichok, um agente neurotóxico usado nos meios militares. 

         - Carlos Antunes, um homem lúcido que me parece competente, investigador da Faculdade de Ciências de Lisboa, diz ao Público de hoje: “Eu já não tenho medo de nada. Às vezes temos medo que nos deixem de mandar os dados da DGS se a gente falar de mais. Mas já entrei numa espiral que sei que temos mesmo de acordar a consciência das pessoas.” Referia-se à degradante situação dos hospitais e da pandemia. O que me inquieta, é o que se esconde por detrás das suas palavras. Parece que voltei ao jornalismo, quando tudo o que escrevíamos estava sujeito ao lápis azul da Censura. 

         - Saí para comprar o jornal. Estando fora, aproveitei para trazer alguns produtos alimentares. Dia cinzento. Sesta, leituras, tentando manter cadências e horários para melhor escaparmos à dureza dos tempos. É fundamental encontrarmos ritmos, modos de funcionar, ampliações onde respiremos a paz que existe em nós e devemos estendê-la ao espaço largo da nossa estreita existência actual. No salão, o aquecedor a gás aceso, o campo numa leve agitação que o vento traz à sua passagem. 17 horas e cinco.