quinta-feira, janeiro 21, 2021

Quinta, 21.

Joe Biden é o 46 Presidente dos Estados Unidos em cerimónia que acompanhei pela France 24. O grosseiro presidente que o antecedeu, num gesto ordinário de besta ferida, deixou a Casa Branca horas antes, com uma cerimónia de despedida que ele próprio criou para se honrar, a que assistiu a família e os funcionários que não puderam debandar. 

         - O Governo decidiu, enfim, encerrar escolas, creches e universidades a partir de amanhã. O primeiro-ministro fala do alastramento do novo vírus versão Reino Unido. O ministério da Educação, diz que é um atentado aos jovens louquinhos por aprender. A mim quer-me parecer que eles apoiam o chefe do executivo, a ferver por ficar em casa. Bom. Façamos então de conta que este ano todos chumbam por faltas ou conhecimentos. Para ano haverá mais vida e mais ensino e o mundo nem deu pelo atraso ao saber dos que os pais defenderam da doença. Porque, é bom que os inteligentes adeptos pela continuação das escolas e universidades abertas saibam, não são só os alunos que estão em causa, é também o número impressionante de pessoas que se deslocam, convivem, reúnem por causa dos filhos, netos, sobrinhos, etc..   

         - Foi feito apelo aos portugueses para que doem sangue numa altura em que as reservas estão no fundo e as necessidades a aumentar. Centenas dos nossos bravos concidadãos apareceram de pronto, não se importando de esperar na fila que dava a volta a Instituto Português do Sangue várias horas. Compareceram 1600 dadores e recolheram-se 1279 unidades. Estou emocionado a agradecer a estes meus compatriotas. Este é o coração do português de antanho.  

         - Devido ao isolamento, falei ao telefone com a Carmo, João, Maria José, Fortuna, Carlos Soares, Alexandre, Gi, António. Tempo fúnebre a associar-se ao número crescente de mortes por Covid-19. Tenho as lareiras acesas todo o dia, alimentá-las é uma actividade como qualquer outra. Nos hospitais os médicos têm o ingrato e decerto doloroso encargo de escolher quem vive e quem deixam morrer. Tudo isto é assustador! Se tivéssemos dirigentes destemidos e que pensassem em primeiro no exercício humano do poder, teríamos evitado esta devastação. E não me venham falar do que se passa lá fora - não sou tão inconsciente que não saiba ver as diferenças. Entre ontem e hoje, sob imensas dificuldades e incertezas, escrevi 28 linhas no Matricida. Dentro destes muros, cercado da chuva miúda e do céu de uma tristeza infinda, nem as árvores bulem.  Silêncio e serenidade. Le nec plus ultra.