segunda-feira, janeiro 18, 2021

Segunda, 18.

Faz medo ler os jornais ou ver televisão. Dizem eles que somos o primeiro por milhão de infectados e mortes por Covid-19 no mundo. Assustador. O primeiro-ministro está reunido de novo para remediar mais uma lacuna no exercício da pandemia e encurtar razões àqueles que se estão nas tintas e continuam a fazer a vidinha como se nada se passasse. Que falta de previsão, incrível! Tudo surge aos bochechos como se o que está em causa não fosse suficientemente aterrador. Temos milhares de funcionários, ministros e secretários de Estado, secretários e secretárias, diversos empregados em número impressionante por toda a administração pública, e parece que não se lhes exige nada, a ronceirice continua sem responsáveis. Só os médicos, enfermeiros e pessoal auxiliar, ante o desastre, o sofrimento e a morte, não abandonam os seus postos, os seus doentes e firmes continuam a lutar contra o inimigo devastador. Admiro esta gente, como tenho consideração pela ministra da Saúde, a directora da DGS. Tenho para mim que quando a política se imiscui na ciência, temos o caldo entornado. Os votos e o poder têm de passar por cima dos cadáveres – é imperativo.  

         - Devido aos arruaceiros de Trump, toda a América está em estado de guerra, e só nas imediações do Capitólio estão mais militares que nas guerras do Vietnam ou Iraque. Tudo para assegurar que os fanáticos não actuem durante a tomada de posse de Joe Biden marcada para 20 deste mês. Que mundo! 

         - Tarde soalheira passada estendido na chaise longue a ler. A manhã abriu alva e brumosa. O silêncio pesado e o latir dos cães na vizinhança chegava em golfadas surdas. Devia aproveitar este tempo outonal para começar a cortar a erva em frente da casa, mas não me sinto ainda robusto para o fazer. Estou à espera que me tragam a botija de gás que reforçará o conforto no salão, no recanto do escritório. Estou sem TV5Monde e, por isso, mais exposto às merdelhices nacionais. Uma hora ao telefone a falar com amigos ensanduichados nos apartamentos, em Lisboa. 16 horas e 43. O mundo é uma caverna medonha. 

Hoje, devido à paisagem que a neve altera, foi o meu amigo pintor Werner Schneider, que me mandou esta foto do seu jardim de Wallisellen, Suíça.