sexta-feira, maio 22, 2020

Sexta, 22.
Há dois atrasados mentais a governar: um brasileiro, outro americano. Ambos actuam por vasos comunicantes, cada um fazendo o máximo possível de mortos e infectados pelo coronavírus. No Brasil são aos milhares os mortos por dia; idêntica tristeza na América. Os dois ineptos são adeptos de um medicamento que os cientistas não recomendam, mas que eles publicitam e no caso do especulador imobiliário até o toma sem autorização médica - o hidroxicloroquina. Entretanto, em todo o mundo, estão contabilizados 4.872.308 casos confirmados.

         - Os grandes escritores do séc. XVIII que Green me apresentou, Coleridge e Wordsworth, com diferença de dois anos de idade, o primeiro, nascido em 1772, o segundo, em 1770, têm no ensaio de Eliot umas quantas páginas admiráveis. Um fazendo apelo à filosofia, outro mais empenhado nas questões sociais. Ambos criativos e seguros na poética que se vai instalando com a chegada do Romantismo. Diz Eliot a dada altura: “Há tanta memória na imaginação que, se distinguirmos entre imaginação e fantasia de Coleridge, temos de definir a diferença entre memória na imaginação e memória na fantasia.” Oh, a quem o dizes! A verdade é que há muito de imaginação na memória e fantasia na recordação. Ou vice-versa? Francis Bacon que foi um grande criativo, perguntava-se (verto livremente): “Como imaginar a vida sem literatura? Sem os livros? São uma fonte fabulosa, um poço para o imaginário.”

         - Annie falou-me do seu jardim “coberto de margaridas” dizendo que Paris continua confinado, mas que ali ela, Robert e Laure sentem-se bem e acrescentou: “Só falta a tua presença para que tudo seja perfeito. “Oh, chère Annie!”

         - No Brasil, só ontem, mais 20 mil pessoas foram atingidas por Covid-19.

         - Os meus amigos mais interessados pelo tema, alegram-se com os 500 mil milhões que Macron e Merkel arranjaram não sei onde, para ajudar os povos da União Europeia atingidos pela Covid-19. Enfim, que dizer! Pensei pedir a palavra a Daumier ou antes à colecção de litografias originais do meu amigo Francis von Overbecque, especialista do séc. XIX, mais precisamente de Napoleão III. Ele cedeu a sua notável e valiosa colecção o ano passado para uma exposição na Casa Museu de Honoré Daumier, em Auvers-sur-Oise.  

L´équilibre sur une corde
         - Por cá tudo marcha veloz, negócios obrigam. Vite vite, vite. Já nem as indicações da OMS ou da DGS são para levar a sério. As incongruências sucedessem. Por exemplo. Não se percebe a razão que leva o governo a reinstalar a lotação total nos aviões e a proibir que nas praias as pessoas tomem distâncias entre si. Ou nos restaurantes, supermercados, organismos públicos e privados. Estamos a ir depressa demais e isto vai ter consequências – a economia vai matar-nos. 


         - Trabalhei no jardim. Esteve cá um técnico a arranjar a parabólica; deste modo desobrigo-me de ver o susto dos noticiários nacionais.