Sexta,
22.
Há
dois atrasados mentais a governar: um brasileiro, outro americano. Ambos actuam
por vasos comunicantes, cada um fazendo o máximo possível de mortos e
infectados pelo coronavírus. No Brasil são aos milhares os mortos por dia;
idêntica tristeza na América. Os dois ineptos são adeptos de um medicamento que
os cientistas não recomendam, mas que eles publicitam e no caso do especulador
imobiliário até o toma sem autorização médica - o hidroxicloroquina. Entretanto,
em todo o mundo, estão contabilizados 4.872.308 casos confirmados.
- Os grandes escritores do séc. XVIII
que Green me apresentou, Coleridge e Wordsworth, com diferença de dois anos de
idade, o primeiro, nascido em 1772, o segundo, em 1770, têm no ensaio de Eliot
umas quantas páginas admiráveis. Um fazendo apelo à filosofia, outro mais
empenhado nas questões sociais. Ambos criativos e seguros na poética que se vai
instalando com a chegada do Romantismo. Diz Eliot a dada altura: “Há tanta
memória na imaginação que, se distinguirmos entre imaginação e fantasia de
Coleridge, temos de definir a diferença entre memória na imaginação e memória
na fantasia.” Oh, a quem o dizes! A verdade é que há muito de imaginação na
memória e fantasia na recordação. Ou vice-versa? Francis Bacon que foi um
grande criativo, perguntava-se (verto livremente): “Como imaginar a vida sem
literatura? Sem os livros? São uma fonte fabulosa, um poço para o imaginário.”
- Annie falou-me do seu jardim “coberto
de margaridas” dizendo que Paris continua confinado, mas que ali ela, Robert e
Laure sentem-se bem e acrescentou: “Só falta a tua presença para que tudo seja
perfeito. “Oh, chère Annie!”
- No Brasil, só ontem, mais 20 mil
pessoas foram atingidas por Covid-19.
- Os meus amigos mais interessados
pelo tema, alegram-se com os 500 mil milhões que Macron e Merkel arranjaram não sei
onde, para ajudar os povos da União Europeia atingidos pela Covid-19. Enfim,
que dizer! Pensei pedir a palavra a Daumier ou antes à colecção de litografias
originais do meu amigo Francis von Overbecque, especialista do séc. XIX, mais
precisamente de Napoleão III. Ele cedeu a sua notável e valiosa colecção o ano
passado para uma exposição na Casa Museu de Honoré Daumier, em Auvers-sur-Oise.
L´équilibre sur une corde |
- Por cá tudo marcha veloz, negócios
obrigam. Vite vite, vite. Já nem as
indicações da OMS ou da DGS são para levar a sério. As incongruências
sucedessem. Por exemplo. Não se percebe a razão que leva o governo a reinstalar
a lotação total nos aviões e a proibir que nas praias as pessoas tomem
distâncias entre si. Ou nos restaurantes, supermercados, organismos públicos e
privados. Estamos a ir depressa demais e isto vai ter consequências – a
economia vai matar-nos.
- Trabalhei no jardim. Esteve cá um
técnico a arranjar a parabólica; deste modo desobrigo-me de ver o susto dos
noticiários nacionais.