Sábado,
23.
Falei
com a Alice que me contou ter sido atingida pelo coronavírus em Fevereiro.
Andou um mês atrapalhada a tremer de frio, temperatura corporal abaixo dos 35º,
dores de cabeça, dificuldade em respirar, etc. Nessa altura ninguém ainda sabia
de que se tratava. Por esse mês, uma amiga da Gi morreu com os mesmos sintomas.
Que merda de chinesice!
- A política olé olé voltou em força. Marcelo
joga no gume da navalha, ora dizendo que é de direita sorrindo ao confrade do
Norte, ora encostando-se com excitação aos ombros sólidos de Costa. Os partidos
não mudaram coisa nenhuma. O PCP está igual ao que sempre foi, nenhuma novidade
ou trejeito sensual. A menina do BE prossegue os arrebites numa disputa com o
camarada Jerónimo de Sousa; o do PAN é de uma sensaboria como nunca houve igual;
o da extrema-direita, à boa maneira do camponês de boa pinga e perna grossa, bolachudo
e untado de satisfação, não cabe em si de orgulho por representar os corruptos
e ineptos do futebol que lhe prometem apoio até à vitória final; o Parlamento
onde toda esta gente representa uma ópera-bufa de costas voltadas para o povo, é
o modelo de uma classe, espécie de realeza falida e preguiçosa, sob a batuta de
um compère que os larga ao desvario.
- O Hugues que vive em Taipé há uns
vinte anos, mandou-me um longo e-mail com as respostas que eu lhe formulei para
compreender a fórmula aplicada pelo Governo de Taiwan com sucesso que o mundo
lhe reconhece, no tratamento social da pandemia Covid-19. Ele termina assim a
sua opinião: “Pour moi, les
“autorités françaises” (o comas é dele) étaient programmées pour être
incapables de faire face à ce qui allait arriver. C´était inévitable, tout
simplement. Ces gens (esta linguagem parece minha, mas não é…) ont le déni de
réalité dans le sang. Je ne dis pas que la France aurait pu être épargnée par
cette crise du coronavirus, bien entendu, mais pas cela aurait pu être géré
autrement mieux, avec autrement moins de dégâts et de morts. Pauvre France!” Hugo
foi socialista na juventude e militou fundo no partido. Julgo até que é dele o
célebre slogan do SS Racisme: “Touche pas à mon pote!” Agora a mãe que nessa
altura era vice-presidente socialista em Paris, diz que o filho virou um homem
da extrema-direita. As discussões entre os dois são violentas. Chut!
- Tempo de puro verão. Praias cheias.
Uma aragem atravessa este espaço rumo ao infinito. Estou pasmado a ver o vento
dançar nos ramos verdes de outros verões. O olhar fica hirto a presenciar quem
vem na brisa. Esta casa é um constante murmúrio de vozes que a memória retêm, com
paredes colgadas dos retratos de ninguém.