Quarta,
6.
Num
lar de idosos, para colmatar a solidão dos que lá moram e dos familiares
confinados a suas casas até ontem, a câmara local teve a ideia de fazer subir
até ao último andar por uma grua os parentes; deste modo mãe e filha puderam ver-se
por breves minutos. Se um romancista criasse uma cena destas, seria acusado de
louco e inverosímil - assim a realidade trocou as voltas à ficção.
- Andei mais de uma hora às voltas com
os mapas da Rússia e Ucrânia. Li muitas páginas sobre o passado remoto (séc.
XVI e XVII) dos chukchis de onde Semyon descende. Quero acompanhar a história
com a realidade política recente, quando a Crimeia passou a pertencer a Ucrânia
e depois o seu regresso às origens. Volodymyr é um operário empenhado
politicamente. A minha narrativa tem em conta esse facto e também o destino do
filho por via do compromisso do pai.
- Depois de a máscara ter andado pelas
ruas da amargura, eis que foi elevada a escudo protector contra todas as pragas
do mundo - a chinesa e as que se lhe seguiram, sem contar com os políticos. Xó
com a viseira que faz rabiar o vírus, obrigando-o ao trabalho de procurar
entrar naquele que dele se protege com ela, ministro ou simples cidadão. Agora
impera a ditadura da máscara, amanhã se verá que mais virá para a derrotar. Os
médicos que até aqui estiveram silenciosos, aparecem agora nos ecrãs de
televisão descarregando a sua imensa sabedoria, fazendo barreira à viseira. Não
há máscaras para todos, mas há 350 euros (por que não 5 mil!) de multa para quem as não usar. Costa, eu avisei-te!
- Comecei com urgência a limpar o
espaço à volta da piscina. Tenciono abrir a época piscineira no próximo mês,
mas o matagal é enorme e vai exigir de mim persistência e muito esforço. Falei
com o Mário (advogado), António Carmo e Gi (do Vítor).