quarta-feira, maio 06, 2020

Quarta, 6.
Num lar de idosos, para colmatar a solidão dos que lá moram e dos familiares confinados a suas casas até ontem, a câmara local teve a ideia de fazer subir até ao último andar por uma grua os parentes; deste modo mãe e filha puderam ver-se por breves minutos. Se um romancista criasse uma cena destas, seria acusado de louco e inverosímil - assim a realidade trocou as voltas à ficção.

         - Andei mais de uma hora às voltas com os mapas da Rússia e Ucrânia. Li muitas páginas sobre o passado remoto (séc. XVI e XVII) dos chukchis de onde Semyon descende. Quero acompanhar a história com a realidade política recente, quando a Crimeia passou a pertencer a Ucrânia e depois o seu regresso às origens. Volodymyr é um operário empenhado politicamente. A minha narrativa tem em conta esse facto e também o destino do filho por via do compromisso do pai.

         - Depois de a máscara ter andado pelas ruas da amargura, eis que foi elevada a escudo protector contra todas as pragas do mundo - a chinesa e as que se lhe seguiram, sem contar com os políticos. Xó com a viseira que faz rabiar o vírus, obrigando-o ao trabalho de procurar entrar naquele que dele se protege com ela, ministro ou simples cidadão. Agora impera a ditadura da máscara, amanhã se verá que mais virá para a derrotar. Os médicos que até aqui estiveram silenciosos, aparecem agora nos ecrãs de televisão descarregando a sua imensa sabedoria, fazendo barreira à viseira. Não há máscaras para todos, mas há 350 euros (por que não 5 mil!) de multa para quem as não usar. Costa, eu avisei-te!


          - Comecei com urgência a limpar o espaço à volta da piscina. Tenciono abrir a época piscineira no próximo mês, mas o matagal é enorme e vai exigir de mim persistência e muito esforço. Falei com o Mário (advogado), António Carmo e Gi (do Vítor).