Sexta,
1 de Maio.
A
António Costa deu-lhe uma de Xinping ping (fico-me só por um ping) além de
obrigar o povo sem cheta a comprar máscaras (a última que adquiri custou-me 4
euros), ainda o carrega com multa de 350 euros se for apanhado sem elas. Eu sou
pela liberdade e Costa cedeu aos interesses do mercado, aos falsos gestores que
acusam lucros fabulosos e fazem gala arrogante deles e depois num mês dizem que
estão falidos e pedem ajuda ao Estado, isto é, a maioria dos pobres
portugueses que paga impostos com língua de fora. Ele que tinha andado bem na
direcção desta pandemia chinesa, teve necessidade de estragar a imagem de
democrata, sério e convicto seguidor da persuasão, da responsabilidade e da liberdade como adjuvantes do poder! De
uma maneira geral, as pessoas foram cumpridoras sem amedrontas de multas nem
arrumos de arrogância. Coisa que eu contei à Annie que se surpreendeu porque
Chou Chou, desde a primeira hora, esteve do lado do ditador Xi Xinping ping
ping ping (com três porradas) e obrigou, como fraco e medíocre governante, os
franceses a isto e àquilo, sob multas pesadas, sem que com as suas medidas
tivesse ganhado muito, pois os mortos e contagiados são aos milhares. Além de
que a máscara não colhe junto da classe médica consenso. Espero que desta
feita, António Costa nos diga que esta medida é uma medida do PS, assim sempre
o poderíamos desculpar... Medidas destas, são sempre ordens de políticos
fracos. Porque é fácil impor com as costas quentes. Os meus leitores vão ver a
partir de hoje, como irão ser utilizadas as máscaras e o tempo de duração de
cada uma. Digo-vos eu que não estou filiado em nenhum partido, sou livre, não
espero nada de ninguém e sou por natureza um cidadão atento ao que me rodeia.
- O Filipe mandou-me umas quantas fotografias
do tempo em que trabalhámos juntos, tiradas numa feira de segurança na FIL, onde
estamos Elsa, Amado e eu. A princípio não me apercebi, tonto, quando as olhei.
Disse: “Eu conheço isto, isto diz-me qualquer coisa.” Só quando comecei a
passá-las uma a uma, as identifiquei e fui abalado por recordações em catadupa.
Como se tivesse mergulhado num mundo distante, onde estivera, que o sorriso bom
e bonito do Amado logo me reconfortou e sacudiu, porque nunca conheci ninguém
tão honesto e de excelente carácter como ele. Aliás estamos os três muito bem, eu magro e
elegante, cabelo curto, um rosto jovem e perfeito. Tive pena que as nossas
relações tivesse acabado como acabaram, as fotos testemunham a amizade que nos
unia. Hoje, resta-me uma oração em memória dele e dos muitos anos que passámos
como se fôssemos uma família.
- Concluí o trabalho começado há dias
e avancei para a segunda passagem da roçadora em frente à casa. Como entretanto
a chuva cobriu o chão de novas ervas, tenho de voltar aqui em frente a fazer
tudo de novo. Tristeza de camponês. Amanhã terminarei o segundo volume do Diário
de Virginia Woolf. Tempo incerto, algum calor. Escrevo diante da paisagem ao nível
do olhar tal como imaginou o meu amigo arquitecto João Biancar. O gato ronrona deitado
aos meus pés numa mancha de sol sobre o tapete que trouxe do Cairo. Paz e silêncio.