sexta-feira, maio 01, 2020

Sexta, 1 de Maio.
A António Costa deu-lhe uma de Xinping ping (fico-me só por um ping) além de obrigar o povo sem cheta a comprar máscaras (a última que adquiri custou-me 4 euros), ainda o carrega com multa de 350 euros se for apanhado sem elas. Eu sou pela liberdade e Costa cedeu aos interesses do mercado, aos falsos gestores que acusam lucros fabulosos e fazem gala arrogante deles e depois num mês dizem que estão falidos e pedem ajuda ao Estado, isto é, a maioria dos pobres portugueses que paga impostos com língua de fora. Ele que tinha andado bem na direcção desta pandemia chinesa, teve necessidade de estragar a imagem de democrata, sério e convicto seguidor da persuasão, da responsabilidade e da liberdade como adjuvantes do poder! De uma maneira geral, as pessoas foram cumpridoras sem amedrontas de multas nem arrumos de arrogância. Coisa que eu contei à Annie que se surpreendeu porque Chou Chou, desde a primeira hora, esteve do lado do ditador Xi Xinping ping ping ping (com três porradas) e obrigou, como fraco e medíocre governante, os franceses a isto e àquilo, sob multas pesadas, sem que com as suas medidas tivesse ganhado muito, pois os mortos e contagiados são aos milhares. Além de que a máscara não colhe junto da classe médica consenso. Espero que desta feita, António Costa nos diga que esta medida é uma medida do PS, assim sempre o poderíamos desculpar... Medidas destas, são sempre ordens de políticos fracos. Porque é fácil impor com as costas quentes. Os meus leitores vão ver a partir de hoje, como irão ser utilizadas as máscaras e o tempo de duração de cada uma. Digo-vos eu que não estou filiado em nenhum partido, sou livre, não espero nada de ninguém e sou por natureza um cidadão atento ao que me rodeia.    

         - O Filipe mandou-me umas quantas fotografias do tempo em que trabalhámos juntos, tiradas numa feira de segurança na FIL, onde estamos Elsa, Amado e eu. A princípio não me apercebi, tonto, quando as olhei. Disse: “Eu conheço isto, isto diz-me qualquer coisa.” Só quando comecei a passá-las uma a uma, as identifiquei e fui abalado por recordações em catadupa. Como se tivesse mergulhado num mundo distante, onde estivera, que o sorriso bom e bonito do Amado logo me reconfortou e sacudiu, porque nunca conheci ninguém tão honesto e de excelente carácter como ele.  Aliás estamos os três muito bem, eu magro e elegante, cabelo curto, um rosto jovem e perfeito. Tive pena que as nossas relações tivesse acabado como acabaram, as fotos testemunham a amizade que nos unia. Hoje, resta-me uma oração em memória dele e dos muitos anos que passámos como se fôssemos uma família.  


         - Concluí o trabalho começado há dias e avancei para a segunda passagem da roçadora em frente à casa. Como entretanto a chuva cobriu o chão de novas ervas, tenho de voltar aqui em frente a fazer tudo de novo. Tristeza de camponês. Amanhã terminarei o segundo volume do Diário de Virginia Woolf. Tempo incerto, algum calor. Escrevo diante da paisagem ao nível do olhar tal como imaginou o meu amigo arquitecto João Biancar. O gato ronrona deitado aos meus pés numa mancha de sol sobre o tapete que trouxe do Cairo. Paz e silêncio.