Segunda, 11.
O
simpático dirigente comunista, Jerónimo de Sousa, insiste na Festa do Avante,
indo ao ponto de dizer que “os comunistas portugueses são muito criativos”.
Disso ninguém tem dúvidas. Basta ver a percentagem que eles têm num país que,
embora integrando a UE onde nenhum outro existe, conseguem manter-se à tona. O
que eu estranho, é que qualquer membro do Governo lhe explique que o que está
em jogo não é a Festa, mas o número de participantes e as regras impostas para
os defender (e nos defender a todos) do coronavírus.
- António Costa vai a pouco e pouco
cedendo por amor da economia. Vejamos, há uma semana que começou a levantar as
interdições. Tenho aqui os números saídos no Publico de hoje: Casos
confirmados: 27.581 (mais 2.391); mortes: 1135 (mais 112). Talvez os negócios
estejam satisfeitos, mas os infectados e os familiares dos falecidos, não.
Talvez o consumo prospere, mas sobre campos rasos de sepulturas. Apetece dizer:
descansem os que desejam que a vida antes da Covid-19 volte, ela virá com todas
as metamorfoses fortalecidas – a tanto obriga a sociedade de consumo. Schopenhauer
falecido em 1814, é o filósofo mais actual que nenhum outro nosso
contemporâneo. Afirma ele: “ La douleur, c´est la vie elle-même.” Qualquer
médico subscreve esta afirmação. Ou ainda: “La vie est une guerre sans trêve,
et l´on meurt les armes à la main.” Esta parece do agrado dos gananciosos e
ditadores que julgam com o seu poder desobrigar-se de morrer. Dito isto, nem
tudo é mau. Vimo-nos livres do futebol e dos archi-tolos que o dirigem, o clima
está a reconhecer-se como antes da loucura humana, a política ficou menos
bufona e a magia desapareceu, o consumo reduziu criando economias, o mundo
ficou mais humanizado e equilibrado. Tudo isto seria uma bênção, se não tivesse
trazido tanto desemprego, pobreza, doença. Todas estas tristezas deviam merecer
dos que nos governam uma reflexão muito profunda, porque em última análise, é a
eles que se devem. Com ou sem coronavírus, era visível o desastre que a falta
de projectos sociais e económicos conduzem. Governar para votos e interesses de
uns quantos ambiciosos, é nisto que dá. No final, é sempre o mesmo que
sofre.
- Ontem quase não levantei em todo o
dia os olhos da escrita. Horas a fio mergulhado, com a cabeça de fora, num
estuário onde flutuava um imenso murmúrio de vozes, ilhas e espaços sem fim. O nível
de excitação atingiu o zénite e quando parei para aliviar a tensão, lembrei-me
de medir a temperatura: 36,7. Acontece, nos dias que correm, tomar a
temperatura corporal duas vezes: manhã e noite – anda entre 35,2 e 36,4. Desobriguei-me
de medir a tensão. Chega!
- Manhã brumosa, ventosa, húmida e
triste. Encerrado em casa, tentei criar a luz que os meus olhos necessitam para
ver as cores encantadoras do Universo.